BE vai acompanhar moção de censura ao Governo Regional da Madeira
A coordenadora do BE confirmou hoje que o partido vai acompanhar a moção de censura ao Governo Regional da Madeira, defendendo que Miguel Albuquerque não tem condições para continuar a liderar o executivo.
Mariana Mortágua assinalou que o BE/Madeira não pode tomar essa iniciativa, pois não tem um grupo parlamentar na Assembleia Legislativa Regional, mas na quarta-feira já tinha desafiado o PS e o JPP a fazê-lo.
"Disse desde o início que apoiávamos e apoiaríamos uma moção de censura ao Governo Regional. É assim que tem de ser", afirmou, defendendo que "não há nenhumas condições para que se mantenha no poder" um "governo de proteção de interesses privados, de proteção de grupos económicos, de condicionamento da comunicação social".
A líder do BE falava aos jornalistas à margem da entrega da lista de candidatos a deputados pelo círculo eleitoral de Lisboa às eleições legislativas de março.
"Miguel Albuquerque, como responsável político desse governo e do PSD/Madeira, não tem condições para se manter à frente do Governo Regional", salientou.
Mariana Mortágua considerou que "vigora na Madeira há demasiado tempo um regime de maioria absoluta do PSD, que foi agora apoiado pelo PAN, e que é um regime de proteção de interesses privados".
"Toda a gente conhece os negócios que foram feitos com a proteção do Estado, toda a gente conhece quem são os grupos que enriqueceram à conta do Governo Regional da Madeira, e toda a gente conhece o condicionamento da comunicação social em vigor na Madeira por obra da maioria absoluta do PSD", criticou.
A coordenadora do BE apontou também críticas ao PAN, afirmando que "fez uma campanha contra a maioria absoluta do PSD, em defesa dos interesses ambientais contra os mega projetos de ataque ambiental e, no dia a seguir às eleições, fez um acordo de maioria absoluta com o PSD, que desdizia tudo aquilo que disse em campanha".
E acusou o partido liderado por Inês de Sousa Real de "falta de coerência".
"O que eu sei do PAN é que suportou um Governo do PSD nos Açores que era suportado pelo partido Chega e que na Madeira foi a terceira perna da maioria absoluta do PSD, que é um regime que toda a gente sabe que é um regime de proteção de interesses económicos e, portanto, isso é o currículo ou cadastro do PAN nos Açores e na Madeira", acrescentou Mortágua.
O PS/Madeira entregou hoje a proposta de moção de censura ao Governo Regional (PSD/CDS-PP).
O PAN, que suposta o executivo madeirense depois de ter assinado um acordo de incidência parlamentar com o PSD naquela região, considerou na quarta-feira à noite que Miguel Albuquerque já não tem condições para se manter no cargo e indicou que apenas manterá o acordo se for indigitado um novo líder para o executivo.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido, num inquérito que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder, prevaricação, atentado ao Estado de direito, entre outros crimes.
O processo envolve também dois empresários e o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, os três detidos numa operação policial desencadeada a 24 de janeiro na Madeira e em várias cidades do continente.