Paris acusa Rússia de mentir sobre alegados mercenários franceses na Ucrânia
Paris acusou Moscovo de uma "manobra coordenada" para divulgar informações falsas envolvendo o país, como a alegada presença de "mercenários" franceses lutando por Kiev na Ucrânia, anunciou hoje o Ministério das Forças Armadas francês.
"Os serviços estatais relevantes identificaram e estão a seguir a manobra coordenada da Rússia, incluindo por redes de informação pró-Rússia e meios de comunicação estatais como Sputnik News, RT e RIA Novosti, para transmitir e amplificar esta informação falsa", afirmou o ministério, num comunicado.
Desde o início do conflito na Ucrânia, a França tem sido "alvo de uma campanha de desinformação russa", que "se intensificou" em meados de janeiro, após o Presidente Emmanuel Macron ter reafirmado o apoio francês a Kiev, disse o ministério.
"Não podemos deixar a Rússia vencer", disse Macron em 16 de janeiro, ao anunciar novas entregas de armas à Ucrânia.
No dia seguinte, o Ministério da Defesa russo alegou ter atingido um edifício em Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, que servia como "zona de destacamento temporário de mercenários, a maioria dos quais eram cidadãos franceses", numa ação na qual 60 combatentes foram "eliminados" e 20 feridos.
A "manobra de desinformação russa" continuou na passada segunda-feira, com a divulgação de "listas de alegados mercenários franceses mortos neste ataque em canais russos" da plataforma de mensagens Telegram, disse o Ministério das Forças Armadas francês.
O ministério sublinhou que "algumas dessas listas já tinham sido divulgadas em 2022, nas primeiras semanas do conflito".
Na quarta-feira, a agência de notícias estatal russa Sputnik anunciou a destruição de um sistema de defesa terra-ar franco-italiano SAMP-T entregue à Ucrânia, algo que não até agora foi confirmado, referiu o comunicado.
"Perante a intensificação da ajuda militar francesa à Ucrânia, acreditamos que esta manobra de intoxicação russa continue: condenamo-la e estamos a reforçar o nosso sistema de monitorização destas manipulações", alertou o ministro das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, citado no comunicado.
O ministério já tinha anteriormente garantido que "França não tem 'mercenários', nem na Ucrânia nem noutros lugares, ao contrário de outros", lamentado "uma nova e grosseira manipulação russa".
A guerra na Ucrânia atraiu rapidamente voluntários estrangeiros que foram lutar ao lado de soldados ucranianos, e alguns dos franceses mencionados provavelmente pertencem à Legião Internacional Ucraniana, mas vários nomes que aparecem nas listas russas são falsos, disse uma fonte diplomática francesa à agência de notícias France-Presse.
A lei francesa considera um crime o ato de combater por dinheiro no estrangeiro, punível com cinco anos de prisão e multa de 75 mil euros.