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2024: O que esperar?

É fulcral atrair investimento externo, dinamizar (e, em muitos setores, criar) o setor transformador madeirense

Têm sido uns anos difíceis para os otimistas, com uma sucessão de pandemias, disrupções nas cadeias logísticas e guerras em diversas geografias.

2023 viu o início ou a continuidade de guerras na Europa, África e Médio Oriente que, para além da realidade cruel de resultar em perda de vidas desnecessárias, têm fortes implicações mundiais mesmo em países que não estão diretamente envolvidos.

Num cenário em que o ocidente terá menos de 50% do PIB internacional pela primeira vez desde o século XIX, os próximos anos trarão uma realidade com uma forte tendência asiática.

No entanto, nem todo o continente asiático passa pela mesma fase e, se é certo que países como a Índia e a Indonésia terão, provavelmente, uma década de forte crescimento pela frente, a China parece prestes a entrar num processo de estagflação com duração incerta.

Todas estas economias necessitarão de um cenário de estabilidade internacional, propício ao comércio internacional, que está fortemente ameaçada pela instabilidade no Médio Oriente, com ameaças reais e concretas ao tráfego marítimo nas zonas circundantes ao Golfo de Suez.

Os ataques verificados contra navios nestas áreas contribuirão seguramente para o aumento dos custos de transporte marítimo que, associado ao recente aumento do preço do petróleo, poderá desafiar as economias mais dependentes de mercados externos.

Outro fator de incerteza que 2024 poderá trazer é o facto de termos eleições em mais de metade dos países existentes, incluindo em economias com relevância internacional, com o risco de campanhas populistas criarem instabilidade social.

Nos pontos positivos temos o facto de grande parte do risco inflacionário ter sido estancado sem aumentos significativos de desemprego. O risco de inflação ainda existe, mas está, parcialmente, mitigado.

Apesar disto, a Europa parece encaminhar-se para uma recessão, em parte provocada pelos remédios contra a maleita da inflação.

Como é que estas dinâmicas nos afetam?

O impacto mais imediato será que a provável recessão europeia que se avizinha ataque fortemente os nossos maiores mercados turísticos que têm nas despesas com viagens e alojamento umas das primeiras a serem cortadas em cenários recessivos.

O contexto internacional poderá levar a aumentos generalizados dos preços e a novas rondas de inflação (e de medidas deflacionárias para mitigá-la).

E temos ainda o nível de incerteza quanto ao posicionamento da Europa em relação a temas fraturantes com implicações a médio e longo prazo (tarifas de carbono, aparente fraca execução do PRR, posicionamento face a conflitos internacionais, etc.).

A Madeira tem pouca influência em qualquer um destes temas. No entanto, pode concentrar-se nos pontos sobre os quais tem controlo como a expansão dos mercados emissores de turistas e em diversificar a economia madeirense.

É fulcral atrair investimento externo, dinamizar (e, em muitos setores, criar) o setor transformador madeirense e na internacionalização do setor de serviços regional, contribuindo para a resiliência da economia regional e permitindo mitigar (em parte) o nosso risco a fatores exógenos.