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Fact Check Madeira

Albuquerque afirmou que Costa não tinha condições para governar?

O presidente do Governo da Madeira foi constituído arguido por suspeitas de crimes de corrupção. Em Novembro último, comentava as buscas em São Bento

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Foto Aspress

Foram várias as forças políticas que já vieram a público pedir a demissão de Miguel Albuquerque, na sequência da investigação de que é alvo o presidente do Governo Regional, comparando a sua situação com a do ex-primeiro ministro e recordando a posição assumida, em Novembro,  pelo chefe do executivo madeirense. Mas será que Miguel Albuquerque disse mesmo que António Costa não tinha condições para governar?

O presidente do Governo Regional afirmou, ontem, que não se demitia mesmo que fosse constituído arguido no âmbito da megaoperação da Polícia Judiciária (PJ) na Madeira, que levou à detenção do presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, do líder do grupo de construção AFA, Avelino Farinha, e de Custódio Correia, CEO e principal accionista do grupo ligado à construção civil SOCICORREIA, que é sócio de Avelino Farinha em várias empresas. Situação que acabou por confirmar-se ao final da noite quarta-feira.

Albuquerque terá sido constituído arguido

Vários órgãos de comunicação nacionais estão a avançar que o presidente do Governo Regional foi constituído arguido, no âmbito da operação que decorre no Funchal, desde o início da manhã e que já fez três detenções, entre os quais o presidente da Câmara do Funchal, que está a aguardar ser transferido para Lisboa no Estabelecimento Prisional do Funchal. 

"Eu não me vou demitir, porque eu vou colaborar no esclarecimento da verdade", disse o líder do executivo regional, em declarações aos jornalistas na Quinta Vigia, sede da Presidência do Governo Regional, no Funchal.

"Se for constituído arguido, vou ficar, porque eu tenho de apresentar a minha defesa", reiterou.

Miguel Albuquerque sublinhou que, do seu ponto de vista, "não houve corrupção nenhuma" nos casos em investigação e garantiu que o seu Governo vai continuar a trabalhar.

Miguel Albuquerque não se demite

O presidente do Governo Regional não se demite. 

Uma situação de inquérito não diminui os direitos de ninguém, nem diminui muito menos os direitos dos titulares de cargos políticos
Do ponto de vista político, quero dizer que fui 19 anos presidente da Câmara [do Funchal], estou quase há nove anos como presidente do Governo [desde 2015], nunca fui acusado de nada e sempre tive a minha independência económica e sempre tive uma postura correta perante os empresários e perante a sociedade Miguel Albuquerque, 24 de Janeiro de 2024

Ontem, já depois de ser do domínio público que o governante é suspeito de corrupção, prevaricação, abuso de poder e atentado contra o Estado de Direito, entre outros crimes, segundo despacho de indiciação do Ministério Público, voltou a dizer que não se demitia do cargo de presidente do Governo Regional.

“Não tenho nenhum problema em ser arguido. Sou arguido e não me demito”, vincou à margem da sessão de abertura das Conferências do Atlântico, em Câmara de Lobos.

"Sou arguido e não me demito"

Miguel Albuquerque insiste em não se demitir do cargo de presidente do Governo Regional

A situação faz eco da ‘operação influencer’, que levou ao do pedido de demissão do primeiro-ministro, António Costa, a 7 de Novembro último, e, consequentemente, à dissolução do parlamento e marcação das eleições antecipadas para 10 de Março.

Não obstante, à data Albuquerque parecia fazer uma análise diferente do caso.

Logo depois das buscas em São Bento, o presidente do Governo da Madeira afirmou que as buscas em vários ministérios e ao chefe de gabinete do primeiro-ministro contribuem para o “descrédito das instituições democráticas” e beneficiam “partidos radicais à esquerda e à direita”.

Considerou também, conforme foi noticiado nos media nacionais, que uma vez constituído arguido e, com o próprio chefe de gabinete detido, António Costa não tinha condições para governar.

“Com o ministro constituído arguido e com o próprio chefe de gabinete detido, para o PM tornava-se muito difícil continuar a governar”, declarou o líder regional na sequência do pedido de demissão de António Costa