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Venezuela acusa EUA de "intervencionismo" por críticas a detenção de membros da oposição

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O Governo venezuelano acusou hoje os Estados Unidos (EUA) de "intervencionismo" e "chantagem imperialista", após Washington ter criticado a detenção de dezenas de membros da oposição e sociedade civil.

"O Governo da Venezuela rejeita categoricamente a declaração cínica do Departamento de Estado (DE) sobre a recente desativação de operações terroristas destinadas a desestabilizar o país e a semear a violência", refere o Ministério de Relações Exteriores, em comunicado.

O Ministério Público da Venezuela anunciou, segunda-feira, que 31 pessoas, entre elas civis e militares, foram detidos, desde maio de 2023, pelo alegado envolvimento em cinco conspirações contra o atual Governo, que incluíam o assassinato do Presidente Nicolás Maduro.

O anúncio foi feito pelo procurador-geral, Tarek William Saab, numa conferência de imprensa em Caracas, em que anunciou novos mandados de detenção, contra jornalistas, youtubers, ativistas dos Direitos Humanos e ex-militares.

Na terça-feira, Maduro anunciou que foram detidos os "autores materiais de cinco conspirações" que tinham como objetivo matá-lo e que "o imperialismo queria pregar uma partida ao povo da Venezuela, encher a Venezuela de violência outra vez".

Na última madrugada, Washington manifestou "profunda preocupação com a emissão de ordens de prisão e detenções contra pelo menos 33 venezuelanos, incluindo membros da oposição democrática, da sociedade civil, antigos membros das forças armadas e jornalistas".

Washington sublinha ainda que "as detenções sem processo formal são contrárias ao espírito do acordo eleitoral de outubro de 2023, assinado entre a [aliança opositora] Plataforma Unitária e representantes de Nicolás Maduro" e que "as ações contrárias ao espírito e à letra do Acordo de Barbados [de outubro de 2023] vão ter consequências".

"Apelamos ao fim do assédio politicamente motivado, incluindo os ataques a sedes de campanha da oposição e de todos os esforços para reprimir as aspirações democráticas do povo venezuelano através do medo e da intimidação", sublinha.

"Instamos [Nicolás] Maduro e os seus representantes a se aderirem ao acordo eleitoral, nomeadamente anunciando um calendário claro para as eleições presidenciais de 2024, e a reintegrar todos os candidatos políticos", conclui.

Caracas reagiu afirmando que "o Governo dos EUA perdeu a sua bússola moral".

"Por um lado, pretende condenar a Venezuela por tomar ações no quadro da Constituição e das leis para preservar a paz, enquanto, por outro lado, prende manifestantes verdadeiramente pacíficos contra o genocídio em Gaza e procura restringir a sua liberdade de expressão", adianta.

"Defender estas ações desestabilizadoras fomenta a violência e atenta contra o normal desenvolvimento do processo eleitoral de 2024", afirma o Ministério venezuelano, sublinhando que "apesar das ameaças, do intervencionismo evidente e da chantagem imperialista" as próximas eleições presidenciais vão decorrer "com pleno exercício da soberania e com garantias de paz".

A líder da oposição venezuelana, Maria Corina Machado, acusou terça-feira o regime de atos de intimidação contra o seu partido, incluindo o "rapto" de dois dirigentes e apelando ao auxílio da comunidade internacional.

"Quero fazer um alerta internacional, a todos os atores da comunidade internacional, que falam de eleições transparentes e livres na Venezuela para garantir uma transição no nosso país (...) nas últimas 24 horas, dois coordenadores [Juan Freites e Luís Camacaro], foram raptados pelo regime, e três outros coordenadores estão a ser perseguidos", disse.

Hoje, as Forças Armadas Bolivarianas da Venezuela anunciaram que 33 militares ativos e na reserva ativa foram despromovidos e expulsos do organismo castrense por alegadamente conspirarem contra o Governo de Maduro e inclusive planearem o assassinato do Presidente.