Maquinistas alemães começaram a que pode ser a maior greve na história do país
Os maquinistas alemães começaram hoje a que pode ser a maior greve na história moderna do país, anunciada até segunda-feira, que vai começar por afetar o transporte de carga e depois, a partir da madrugada, o de passageiros.
Esta é a quarta greve em três meses do sindicato GDL, no quadro de um conflito com a empresa ferroviária pública alemã (DB), a propósito de salários.
A empresa propôs um aumento de 4,8% do salário a partir de agosto de este ano e um segundo de cinco por cento, acrescidos de um pagamento único de 2.850 euros para compensar a inflação.
Propôs ainda a redução do horário de trabalho, de 38 para 37 horas, a partir de 2026.
O sindicato, por sua vez, reclama a redução do horário laboral para 35 horas, um aumento mensal de 555 euros e um pagamento único de três mil euros.
O Instituto da Economia Alemã (IW), de Colónia, calcula que a greve vai ter um custo de até mil milhões de euros, uma vez que várias empresas vão ser obrigadas a parar ou reduzir a produção, devido ao atraso na chegada de componentes.
"A economia alemã está em plena recessão, que se pode agravar com a greve", disse o diretor de estudos de conjuntura do IW, Michael Gromling.
Por seu lado, o ministro dos Transportes, Volker Wissing, disse que o conflito está a adquirir dimensões destrutivas.
A greve deverá começar na quarta-feira às 02:00 (01:00 em Lisboa), no transporte de passageiros, enquanto no transporte de mercadorias a suspensão terá início às 18:00 de terça-feira (17:00 em Lisboa).
Esta greve, que deverá terminar na próxima segunda-feira às 18:00 (17:00 em Lisboa), será também a mais longa das quatro convocadas pelo GDL desde meados de novembro, altura em que os comboios alemães pararam de circular durante 20 horas.
Num comunicado, o sindicato acusou a DB de "prosseguir incansavelmente a sua política de recusa e confronto".
Já a empresa ferroviária pública acusou o GDL de "agir de forma absolutamente irresponsável" de usar a nova greve como forma de promoção do sindicato e não como um último recurso.
Durante a última greve, que começou a 09 de janeiro e durou três dias, a DB admitiu "enormes perturbações" no tráfego ferroviário em toda a Alemanha.
O porta-voz da DB, Achim Stauß, especificou que, no tráfego de longa distância, circularam cerca de 20% dos comboios e que também nas ligações regionais houve "restrições maciças".
No ano passado, a empresa esteve também em colisão com o sindicato EVG, que representa cerca de 180 mil trabalhadores de outras profissões do setor ferroviário. Um acordo foi alcançado no final de agosto.
Durante o último ano, a Alemanha tem enfrentado um aumento dos conflitos sociais em diferentes setores profissionais, num contexto de aumentos de preços que estão a reduzir o poder de compra dos trabalhadores.
Estas exigências também enfraquecem o governo de coligação liderado pelo social-democrata Olaf Scholz, cuja popularidade caiu para níveis mínimos históricos.