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Borrell diz que situação em Gaza não podia ser pior e rejeita paz "por meios militares"

Foto Leonardo Negrão / Global Imagens
Foto Leonardo Negrão / Global Imagens

O chefe da diplomacia europeia disse hoje que a situação humanitária na Faixa de Gaza "não podia ser pior", rejeitando paz imposta por Israel "apenas por meios militares" e que deve antes assentar numa solução de dois Estados.

"Vamos ter hoje um Conselho de Negócios Estrangeiros excecional [já que] nunca antes tivemos um Conselho com tantos convidados nestas circunstâncias dramáticas" e o objetivo é envolver as partes "afetadas pela situação em Gaza [...], que não podia ser pior", declarou o Alto Representante da União Europeia (UE) para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell.

À entrada para a reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, que hoje recebem em Bruxelas os seus homólogos palestiniano e israelita para discutir o conflito no Médio Oriente, o chefe da diplomacia comunitária recordou que "todos os dias há um balanço de milhões de pessoas a serem mortas".

"Muitos ministros têm dito que são demasiados [mortos]. Agora a questão é o que significa demasiados", acrescentou.

Insistindo na importância das reuniões de hoje, Josep Borrell apontou que "a forma como [Israel] está a tentar destruir o Hamas [...] está a fomentar o ódio por várias gerações" e, por isso, "a paz e a estabilidade não podem ser construídas apenas por meios militares e não desta forma específica de usar meios militares".

Para o Alto Representante da UE, urge "deixar de falar do processo de paz e começar a falar mais concretamente sobre o processo de solução de dois Estados porque a paz pode ser muitas peças diferentes".

"É importante que, a partir de agora, eu não fale sobre o processo de paz, mas sobre o processo de solução de dois Estados e estou a falar a sério sobre isso. Temos de estudar as causas subjacentes que impedem que a solução seja implementada e o Hamas é certamente uma delas", apontou o responsável à imprensa.

No dia em que os chefes da diplomacia europeia se reúnem, o chefe da diplomacia israelita, Israel Katz, é esperado de manhã em Bruxelas, enquanto à tarde será a vez do seu homólogo palestiniano, Riyad al-Maliki.

Não está prevista uma reunião entre ambos, de acordo com fontes europeias, sendo que o foco destes encontros será a situação na Faixa de Gaza e na Cisjordânia e a questão dos reféns.

Neste encontro, Josep Borrell disse aos jornalistas que irá apresentar uma "abordagem abrangente" sobre o conflito no Médio Oriente, um plano de 10 pontos para envolver as partes num diálogo que ponha fim às tensões, incluindo de outros países.

Também para hoje, estão previstas reuniões em Bruxelas com outros governantes da região durante o almoço, como com os ministros da tutela egípcio, Sameh Shoukry, o saudita, Faisal bin Farhane, e o jordano, Ayman Safadi, bem como com o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Aboul Gheit.

Ainda para hoje se prevê a adoção de um pacote de sanções contra o grupo islamita Hamas, considerado como terrorista pela UE.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas foi intensificado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro de 2023.

Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis, mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.

Os ataques israelitas sobre a Faixa de Gaza fizeram, desde então, cerca de 25 mil mortos e mais de 60 mil feridos, segundo as autoridades do enclave palestiniano.

A União Europeia, tal como os Estados Unidos, tem-se pronunciado repetidamente a favor de uma solução baseada na existência de dois Estados para estabilizar a região e restabelecer a paz.