Criar (o) futuro (XXVII): O tempo dos indecisos
O resultado das próximas Eleições Legislativas Regionais nos Açores, no próximo dia 4 de Fevereiro, pode servir de aviso à navegação do que se irá passar no início de Março
No panorama político atual, as sondagens mais recentes refletem um dado importante: o crescente peso dos indecisos. Não deixa de ser um paradoxo o nosso futuro como país depender da decisão dos indecisos, que podem revelar-se os verdadeiros protagonistas das eleições legislativas que decorrem daqui a cerca de mês e meio.
Sejam verdadeiros indecisos ou não queiram dizer qual a sua intenção de voto, a respetiva percentagem deixa tudo em aberto para o próximo dia 10 de março. Mesmo que se repita, nas intervenções políticas ou nas conversas de café, que “as sondagens valem o que valem”, não se pode descurar a necessidade imperiosa de cativar essa parte significativa do eleitorado.
E o sentido de voto no dia das eleições acontecerá por que razão? Pelas propostas eleitorais em áreas-chave como Saúde, Educação, Justiça, Ambiente, Habitação? Pelo passado e presente políticos dos candidatos? Pelo carisma, personalidade ou maior presença nos meios de comunicação? Pelos casos e casinhos reais ou inventados pela respetiva ala oponente? Pelo cansaço e frustração de não verem várias promessas eleitorais cumpridas? Ou só porque sim, por inércia e hábito? E deste grupo de indecisos, quantos votarão como grito de protesto? E quantos optarão pelo voto útil?
Citando o filósofo alemão Arthur Schopenhauer: “O perfeito homem do mundo seria aquele que jamais hesitasse por indecisão e nunca agisse por precipitação”. Mas, como os homens perfeitos não são uma realidade, persistem os homens (e mulheres) indecisos. E o que estará na génese dessa indefinição? Talvez uma das explicações resida no facto de se assistir a uma descrença generalizada na política e nos políticos, como se a política fossem os outros, sem refletir que a política somos todos nós, e que o voto ainda é a melhor garantia de que se torne realidade o que queremos para a nossa sociedade e para o futuro dos nossos filhos.
Cada voto conta, e os políticos sabem disso, por isso, desdobram-se em contactos de proximidade e pressões para aparecerem nos meios de comunicação, com destaque para a importância crescente das redes sociais, para arrecadar mais um voto, e mais um e outro, de forma a ganhar as eleições. E o que lhes é exigido? Arrisco dizer o que a maioria dos eleitores quer: credibilidade, coragem e confiança na capacidade de os candidatos serem bons governantes, gerindo com eficiência os bens e interesses públicos.
Embora não se possa transpor a papel químico, o resultado das próximas eleições legislativas regionais nos Açores, no próximo dia 4 de fevereiro, pode servir de aviso à navegação do que se irá passar no início de março. É preciso estar atento a todos os sinais, às manifestações de desagrado dos cidadãos, sobretudo dos que mais influenciam o nosso bem-estar, de que são exemplo as forças de segurança e os médicos. Sem esquecer os professores, dado o seu valioso contributo para a construção do nosso desenvolvimento enquanto país. Reflexo da sua importância é o facto de, em Portugal, na iniciativa da Porto Editora, a Palavra do Ano 2023 foi “professor”.
E para a concretização do país desejado, que se quer inclusivo, coeso e sustentável, não podem faltar medidas eleitorais destinadas aos jovens, com propostas atrativas que permitam reter talentos e ideias inovadoras. Mas também não se pode deixar à margem uma significativa franja da população, os pensionistas, que, fruto do nosso inverno demográfico, são uma das vozes que não podem ser esquecidas.
Nas próximas sete semanas, os indecisos, e mesmo os que estão seguros da sua ideologia política e do lugar da cruz no boletim de voto, serão bombardeados com promessas para todos os gostos e feitios, pelo que é preciso que os que permanecem ainda sob o manto da indecisão consigam munir-se de informação credível, fugirem da retórica e de paleios vãos, e usarem de discernimento para votarem em consciência.
Eu acredito que uma aliança de Direita é o que o país precisa para alavancar o nosso futuro comum, mobilizando também, como há 45 anos, mesmo os que não são PSD/CDS/PPM e os que têm optado pela abstenção.
Continua atual o início da mensagem aos portugueses plasmada no programa eleitoral de governo da Aliança Democrática (AD), em 1979: “É urgente criar um novo poder político democrático, capaz de pôr termo à crise de identidade e desorientação em que o País vive (…)”.
Para alcançar tal desiderato, é preciso comunicar de forma clara, proativa e eficaz quais as ideias e ideais que a AD tem para transformar Portugal, cativando o eleitorado com mensagens de esperança, segurança e futuro.
Viver em democracia dá-nos a liberdade de escolher. Não desperdicemos o poder do nosso voto. Por Portugal!