Países Não-Alinhados pedem reformas da ONU e organismos para representar melhor o Sul
Os líderes do Movimento dos Não-Alinhados pediram hoje, no encerramento da sua 19.ª cimeira, em Kampala, uma reforma global de organismos como a ONU e as instituições financeiras internacionais para que representem melhor os países do Sul.
"Sublinhamos a importância do reforço do multilateralismo e de uma reforma global da arquitetura da governação mundial multilateral, incluindo as Nações Unidas", afirmaram, na declaração final da cimeira em Kampala, capital do Uganda, que acolheu a reunião desde sexta-feira.
O movimento, que também apelou a reformas nas instituições financeiras internacionais e nos bancos multilaterais de desenvolvimento, sublinhou que estas mudanças devem ser feitas para tornar estes organismos mais "democráticos, equitativos, representativos e sensíveis às atuais realidades globais e às necessidades e aspirações do Sul global".
Os líderes sublinharam igualmente o seu interesse em acelerar a renovação do Conselho de Segurança das Nações Unidas, com o objetivo de criar um órgão "mais democrático, transparente e representativo", tal como consta na chamada "Declaração de Kampala".
A possível reforma do Conselho de Segurança tem vindo a ser discutida nas Nações Unidas há mais de 30 anos, mas, até à data, os progressos têm sido escassos, com numerosas propostas rivais em cima da mesa e sem nunca se terem realizado negociações sérias.
O Conselho é composto por 15 membros: cinco membros permanentes com direito de veto - Estados Unidos, Reino Unido, França, China e Rússia - e 10 membros não permanentes afetos a grupos regionais por períodos de dois anos.
Recentemente, não só os países africanos, mas também Estados como a China, a Alemanha e a França manifestaram o seu apoio a uma representação africana permanente no Conselho, um pedido a que o secretário-geral da ONU, António Guterres, também se associou.
O Movimento dos Não-Alinhados, uma das maiores organizações de Estados do planeta, é composta por 53 países de África, 39 da Ásia, 26 da América Latina e das Caraíbas e dois da Europa.
A cimeira reuniu 24 chefes de Estado e de Governo, principalmente de África, em Kampala, desde sexta-feira.