Governo sempre apoiou a operação de helicópteros turísticos?
O presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque, anunciou ontem que o executivo madeirense vai lançar um concurso internacional, até ao Verão, para ter "um ou mais" helicópteros turísticos a sobrevoar o arquipelágo da Madeira.
Estamos a preparar o lançamento de um concurso para termos um ou dois helicópteros turísticos, porque é algo que está a fazer muita falta e que os turistas, sobretudo os de cruzeiro, solicitam com muita frequência, para fazerem uma volta à ilha e poderem conhecer a Madeira e Porto Santo Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional
Governo quer voltar a ter helicópteros turísticos na Madeira
Miguel Albuquerque anunciou que até ao Verão será aberto um concurso internacional
No entanto, será que o Governo sempre foi favorável à ideia de a capital madeirense contar com este tipo de meio aéreo para operar voos turísticos?
Fazendo uma viagem até ao passado, verificamos que o último helicóptero turístico a estar sediado na Madeira, um Robinson 44 Clipper, da empresa 'Helibravo', desapareceu da baixa da capital madeirense não por falta de apoio do Governo Regional, mas sim na sequência da destruição do heliporto no temporal de 20 de Fevereiro de 2010.
Curiosamente, após a conclusão da sua operação, a empresa alugou o meio aéreo à televisão privada Correio da Manhã, que passou a utilizá-lo para transmitir imagens aéreas do trânsito todas as manhãs em Portugal Continental.
Porém, antes da 'Helibravo' entrar em acção e ter ficado cerca de dois anos a voar nos céus da Madeira, o funcionamento era assegurado pela empresa 'Heliatlantis', que esteve na Madeira durante 16 anos, com o AS350B Écureuil.
Nesse período, o Governo Regional contribuiu, ao longo de aproximadamente 10 anos, para viabilizar a operação da empresa, contribuindo com uma prestação mensal de 11.500 euros, através da 'compra' de um número delimitado de horas de voos mensais. Por isso, além dos voos turísticos, a prestação mensal do Executivo, firmada em 1998, contemplava uma série de outras actividades, como por exemplo: vigilância das serras, da costa marítima, apoio à Protecção Civil, apoio aos bombeiros, serviços do Parque Natural da Madeira, serviços de fotografia e filmagem aérea, visitas aéreas à Região de entidades oficiais.
De realçar, que isto acontecia numa altura em que a Região não contava - por considerar até inviável atendendo às características orográficas da ilha - com um helicóptero exclusivo para o combate de incêndios florestais, como acontece actualmente.
Mas, ao fim de 10 anos deste acordo entre a Região e a empresa que operava o AS350B Écureuil, as regras do 'jogo' alteraram-se. A 'Heliatlantis', que até 2007 foi detida pelo Grupo Sousa e depois pela SIRAM-Turismo, viu o Executivo avisar que iria rever o contrato, passando depois para a rescisão do mesmo.
Na altura, o presidente do conselho de administração da SIRAM, ao confirmar a suspensão da prestação, reconheceu que a mesma iria dificultar a viabilização da empresa. Por sua vez, do lado do Governo, a decisão era justificada pelo facto de a empresa ter apresentado "uma proposta de aumento muito substancial (50%) o que, dada a racionalidade da despesa, as contenções orçamentais e aliada à existência do helicóptero da Força Aérea para emergência/socorro, foi decidido não renovar o contrato". Com o eventual fim do helicóptero, o então secretário regional das Finanças, Ventura Garcês, comentou que, do ponto de vista turístico, poderia ter interesse a utilização dos serviços da 'Heliatlantis', mas realçou que a empresa deveiria "desenvolver a sua actividade de mercado dirigida nomeadamente para o turismo em geral".
Por isso, por aqui se depreende que o Governo Regional no passado, somente considerou oportuno apoiar financeiramente a operação de um helicóptero utilizado nas actividades turísticas na Madeira, com o intuito de assegurar a cobertura das despesas referentes aos serviços de protecção civil e outros que fossem pontualmente requisitados pelo executivo, nomeadamente, aquando da visita de entidades oficiais.