Japão é o quinto país a pousar na Lua mas futuro da sonda espacial é incerto
O Japão entrou hoje no pequeno grupo de países que conseguiram pousar as suas naves espaciais na Lua, mas o futuro da sonda SLIM é incerto, devido a problemas identificados nos seus painéis solares.
A agência aeroespacial japonesa (Jaxa) confirmou o seu pouso na Lua, mas o aparelho está a apresentar problemas com as suas células solares, que não estão a gerar eletricidade.
O CEO da Jaxa, Hitoshi Kuninaka, explicou, em conferência de imprensa, que no estado atual a bateria do aparelho vai durar várias horas.
O SLIM (Smart Lander for Investigating Moon) pousou na superfície lunar às 00:20 de sábado no Japão (15:20 de sexta-feira em Lisboa), após uma descida de 20 minutos.
Kuninaka detalhou ainda que os veículos LEV-1 e LEV-2 acoplados ao módulo foram devidamente separados do conjunto durante a descida, e as imagens que capturaram da superfície lunar estavam a ser transmitidas.
O resultado tem um sabor agridoce para o Japão, que já tinha feito diversas tentativas fracassadas de pouso na Lua, e que procura ampliar a sua presença e competitividade no panorama aeroespacial global.
Até agora, apenas Estados Unidos, Rússia, China e Índia conseguiram pousar com sucesso no satélite terrestre, embora apenas um país, os Estados Unidos, tenha conseguido levar astronautas à Lua.
Durante décadas tornou-se o principal objetivo da corrida espacial entre os Estados Unidos e a então União Soviética. Embora naves de outros países e agências espaciais (Israel, Japão, Emirados Árabes Unidos ou União Europeia) também tenham viajado para lá, estas não pousaram na Lua, quer porque não tinham esse objetivo, ou porque falharam.
Embora a União Soviética tenha sido a primeira a chegar às suas proximidades com uma nave espacial, os primeiros astronautas a pisar na Lua foram os norte-americanos Neil Armstrong e Edwin Eugene Aldring em 1969, e desde então outros dez, todos da NASA (agência espacial norte-americana), regressaram ao satélite natural da Terra nas sucessivas missões "Apollo", que duraram até 1972.
Além disso, os EUA realizaram um total de 17 missões não tripuladas à Lua. Em 16 de novembro de 2022, regressou com a missão não tripulada Artemis I para testar e medir as capacidades tecnológicas da NASA para retomar a exploração lunar e o posterior envio de astronautas.
Desde que a União Soviética conseguiu orbitar o satélite com a sua sonda Luna-1 em 1959, este país (mais tarde a Rússia) enviou cerca de sessenta missões, algumas destas tripuladas (as do projeto Soyuz) e outras não tripuladas (as dos programas Luna e Zond).
As sondas lunares russas chegaram em diversas ocasiões, a última em janeiro de 1973 com a nave Luna-21, que conseguiu colocar o veículo Lunokhod em solo lunar. Em 1976, a nave Luna-24 encerrou a série de explorações lunares não tripuladas.
Embora no ano passado o Presidente russo Vladimir Putin tenha anunciado a sua intenção de retomar o programa, a sua nave espacial Luna-25 falhou na missão de explorar o Pólo Sul lunar, quando se despenhou na superfície.
A China juntou-se a esta corrida em 2007, quando lançou o "Chang'e I", em homenagem à deusa chinesa da Lua. Em 03 de março de 2009, e após um ano em órbita lunar, a sua missão terminou ao atingir a superfície lunar.
Em 14 de dezembro de 2013, a Chang'e-3 conseguiu um pouso controlado e foi a primeira missão chinesa a chegar à Lua. Em 2019, Chang'e-4 conseguiu pousar no outro lado do satélite.
Essa missão, que foi um marco, também conseguiu fazer brotar pela primeira vez uma semente no satélite terrestre, numa das suas experiências.
Em janeiro de 2020 a China lançou com sucesso o Chang'e-5 com a missão de coletar amostras do lado visível do satélite e regressou à Terra em 17 de dezembro de 2020 com rocha lunar tornando-se o terceiro país a conseguir isso, depois dos Estados Unidos e Rússia.
No ano passado, a Índia foi o quarto país a chegar e o primeiro a fazê-lo ao inexplorado Polo Sul lunar, com o Chandrayaan-3.