Russos protestam domingo em Lisboa e Porto contra "pseudo-eleições" presidenciais
Um grupo de ativistas russos em Portugal organiza este domingo, em Lisboa e no Porto, comícios de protesto contra o Presidente da Rússia, sendo um dos objetivos denunciar as "pseudo-eleições de março", em que Vladimir Putin é recandidato.
Este evento é promovido em pelo menos 120 cidades de 40 países em todo o mundo, pela Fundação AntiCorrupção, fundada pelo opositor russo Alexey Navalny.
Em Portugal, os comícios são organizados pela Associação de Russos Livres e decorrem este domingo em Lisboa, a partir das 14:00, na Praça dos Restauradores, e no Porto, a partir das 13:00, na Praça da Batalha.
Sob o lema "Rússia sem Putin", além do protesto contra a invasão russa da Ucrânia, os comícios à escala mundial pretendem denunciar as "pseudo-eleições" presidenciais na Rússia, previstas para março e onde o chefe de Estado é recandidato, explicou à agência Lusa Timofey Bugaevsky, um dos membros da associação que nasceu no início de 2023 em Portugal.
"Uma parte importante da campanha contra Putin consiste em difundir a mensagem de que o regime é ilegítimo. Aquilo a que chamam eleições há muito que se transformou numas pseudo-eleições, porque os candidatos da oposição não participam efetivamente, os observadores independentes não são autorizados e os resultados são maciçamente falsificados", frisou esta ativista.
Timofey Bugaevsky, de 42 anos, apontou ainda, numa entrevista por escrito à Lusa, que em 2020 a Constituição russa foi alterada e, graças a isso, Putin pôde candidatar-se novamente.
"Se for eleito este ano, será o seu quinto mandato presidencial. E agora também se realizam nos territórios [ucranianos] ocupados", alertou.
Este movimento pretende "envolver o maior número possível de russos na luta ativa contra o regime" e, perante a proximidade das presidenciais na Rússia, os ativistas consideram que "esta é uma ocasião importante para falar".
A Associação de Russos Livres organizou em agosto comícios em Lisboa e no Porto sob o lema "Putin é um assassino", para condenar o regime de Putin e a guerra na Ucrânia.
Para as manifestações de domingo em Lisboa e no Porto, os ativistas russos esperam uma grande adesão, depois de "quatro meses de trabalho para desenvolver a comunidade".
"Há mais pessoas ativas a ajudar a organizar esta manifestação e até conseguimos convidar um famoso convidado do Comité Antiguerra [Marat Gelman]", frisou Timofey Bugaevsky.
Para o ativista, há mais de dois anos em Portugal, o principal objetivo do movimento é "aumentar o número de cidadãos ativos" da base da sociedade civil da Rússia.
"Em cada grande ação há novas pessoas que se juntam a nós", garantiu.
Esta associação de russos em Portugal continua também a organizar protestos semanais junto da Embaixada da Rússia em Lisboa, produzindo vídeos sobre as "iniciativas de luta contra o regime" e difundindo-as 'online' para "alcançar o maior número de pessoas".
Vladimir Putin está no poder desde 2000 e pretende garantir um quinto mandato presidencial, depois de também ter ocupado o cargo de primeiro-ministro entre 2008 e 2012.
Segundo as sondagens locais, Putin deverá vencer as eleições presidenciais de março com mais votos face a 2018, quando garantiu cerca de 76% dos sufrágios.
A oposição russa, cujo líder Alexei Navalny cumpre 30 anos de prisão num estabelecimento penitenciário no Ártico, acusa o Kremlin (Presidência russa) de preparar uma fraude eleitoral através do voto eletrónico, ao qual vão ter acesso um terço dos eleitores recenseados durante os três dias da votação, previstos entre 15 e 17 de março.