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Combates no Sudão ameaçam Património Mundial

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A UNESCO declarou estar "profundamente preocupada" com os combates no Sudão, que se estenderam à ilha de Meroe, onde três sítios estão classificados como Património Mundial, e apelou aos beligerantes para que não os "visem ou utilizem militarmente".

Em comunicado, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), sediada em Paris, apelou a "todas as partes envolvidas para que respeitem plenamente o direito internacional", que estipula que estes sítios "não devem ser visados nem utilizados militarmente".

Dado o "elevado risco de pilhagem", a UNESCO apelou também à "vigilância das forças da ordem, dos atores do mercado da arte e de todos os profissionais da cultura" a nível internacional para que não participem no tráfico de peças roubadas de Meroe.

Na terça-feira, a ONG Rede Regional dos Direitos Culturais condenou "a incursão das Forças de Apoio Rápido (RSF)", os paramilitares do general Mohammed Hamdane Daglo, em guerra com o exército do general Abdel Fattah al-Burhane desde 15 de abril, "nos sítios de Naqa e Musawwarat es-Sufra", em Meroe.

Esta "segunda incursão" ocorreu no domingo, após "uma primeira em 03 de dezembro de 2023" nestes locais, situados a 220 quilómetros de Cartum, segundo a ONG, que disse basear-se em "fontes fiáveis, imagens e vídeos publicados nas redes sociais que mostram combates entre o exército e as RSF, que provavelmente expuseram os locais a vandalismo, destruição, pilhagem e roubo".

As autoridades locais referiram ainda "uma incursão das RSF, repelida pela força aérea", afirmando que "a calma regressou", mas sem mencionar eventuais danos.

Segundo a UNESCO, os sítios arqueológicos da ilha de Meroe, "sede dos governantes que ocuparam o Egito durante quase um século, contêm pirâmides, templos, edifícios residenciais e grandes instalações de gestão da água".

As antigas civilizações do Sudão construíram mais pirâmides do que as do Egito, mas permanecem em grande parte desconhecidas. Esta civilização (do séc. III a.C. ao séc. IV d.C.) tomou emprestados traços culturais do Egito faraónico, da Grécia e depois de Roma, para além de um substrato africano.

Desde 15 de abril, a guerra entre o exército e as RSF fez mais de 13.000 mortos, segundo um relatório altamente subestimado da ONG Armed Conflict Location & Event Data Project (Acled). Além disso, mais de sete milhões de pessoas foram deslocadas, de acordo com a ONU.