Irão avisa que morte de número dois do Hamas vai aumentar luta contra Israel
O Irão manifestou hoje forte condenação do ataque no Líbano que matou Saleh al Arouri, número dois do braço político do movimento palestiniano Hamas, e avisou que esta morte "motivará ainda mais a luta contra Israel".
"O sangue do mártir certamente acenderá mais uma vez as veias de resistência e motivação para lutar contra o ocupante sionista, não apenas na Palestina, mas na região e entre todos os defensores da liberdade em todo o mundo", disse o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, cujo regime apoia os movimentos palestinianos anti-Israel Hamas e Hezbollah.
Nasser Kanaani sublinhou que este ataque atribuído a Israel pelo Líbano e pelo Hamas é resultado "da impotência e da dura e irreparável" derrota das tropas israelitas "contra os grupos de resistência palestinianos e a resiliente nação palestiniana", segundo relata a agência iraniana IRNA.
O porta-voz da diplomacia iraniana manifestou condenação pelo que considera ser uma violação da soberania e integridade territorial do Líbano, e apelou às organizações internacionais, especialmente ao Conselho de Segurança das Nações Unidas, à semelhança do que já anunciou o Líbano, para dar uma resposta "imediata e eficaz" ao sucedido.
As autoridades israelitas ainda não confirmaram a autoria deste ataque em Beirute.
O Hamas revelou no seu canal oficial Al-Aqsa TV que o número dois do braço político do movimento islamita palestiniano, Saleh al-Arouri, foi morto hoje num ataque israelita nos subúrbios de Beirute.
De acordo com um responsável das autoridades de segurança libanesas citado pela agência France-Presse, al-Arouri foi morto juntamente com os seus guarda-costas num ataque israelita que teve como alvo o escritório do Hamas nos subúrbios sul da capital libanesa, reduto do Hezbollah.
A Agência Nacional de Notícias estatal do Líbano informou por sua vez que a explosão resultante de um 'drone' israelita matou seis pessoas.
Em comunicado divulgado na rede social X, o primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse que "este novo crime israelita visa arrastar o Líbano para uma nova fase de confrontos depois dos contínuos ataques diários no sul, que causaram um grande número de mártires e feridos".
Esta é a primeira vez desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, iniciada em 07 de outubro de 2023, que as forças de Telavive atacam a capital libanesa.
Os confrontos entre o Exército israelita e o movimento xiita libanês Hezbollah, aliado do Hamas, estavam até agora limitados às zonas fronteiriças no sul do Líbano, quando se têm repetido vários avisos no mundo árabe e na comunidade internacional sobre o receio da propagação do conflito na Faixa de Gaza, na Palestina, a outras regiões do Médio Oriente.
Posteriormente, em comunicado, a presidência do Conselho de Ministros libanês adiantou que Mikati ordenou a apresentação de uma queixa urgente ao Conselho de Segurança da ONU, "no contexto do flagrante ataque à soberania libanesa".
Al-Arouri era um dos fundadores da ala militar do Hamas e chefiou a presença do grupo palestiniano na Cisjordânia.
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ameaçou matá-lo antes mesmo da atual guerra contra o Hamas.
No Líbano desde 2018, al-Arouri esteve detido em prisões israelitas durante 12 anos antes de ser libertado em 2010 e são-lhes atribuídos vários ataques contra Israel a partir de solo libanês.
Mais recentemente, foi um dos principais negociadores do Hamas na libertação dos reféns feitos pelo seu grupo no ataque contra Israel em 07 de outubro.
Há um mês, em declarações à rede televisiva Al Jazeera, afirmou que os restantes prisioneiros eram soldados ou antigos soldados e que não seriam libertados até que Israel terminasse os seus ataques na Faixa de Gaza.
O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado após um ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita em 07 de outubro do ano passado, massacrando 1.140 pessoas, na maioria civis e incluindo cerca de 400 militares, segundo números oficiais de Telavive.
Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento palestiniano, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local, já foram mortas mais de 22.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 57 mil, na maioria civis.