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Autoridade Palestiniana acusa Netanyahu de "extermínio" e condena a sua rejeição de um Estado palestiniano

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A Autoridade Nacional Palestiniana condenou hoje as declarações do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, que na noite de quinta-feira rejeitou a criação de um Estado palestiniano, e acusou-o de "extermínio" pelo prosseguimento da guerra na Faixa de Gaza.

Em conferência de imprensa, o chefe do Governo israelita reafirmou que a ofensiva israelita na Faixa de Gaza vai prosseguir nos próximos meses "até uma vitória total" face ao movimento islamita Hamas, uma declaração que para a Autoridade Palestiniana -- com autogoverno limitado na Cisjordânia ocupada -- se insere numa estratégia que "continua a justificar o extermínio do povo palestiniano e a liquidação dos seus direitos", indicou o Ministério dos Negócios Estrangeiros da entidade.

O comunicado acrescenta que através desta posição, o Governo israelita está a rejeitar "qualquer alternativa de uma solução política assente nas causas do conflito".

"Netanyahu continua a matar civis palestinianos e forçando-os a imigrar da sua terra natal destruindo as suas casas, infraestruturas e todos os elementos da sua existência humana e nacional" em Gaza.

Após 105 dias de guerra, e segundo as autoridade locais, já foram mortos cerca de 25.000 palestinianos, na maioria crianças e mulheres.

A diplomacia da Autoridade Palestiniana acusou ainda o chefe do executivo judaico de "continuar a vender ilusões à rua israelita e à opinião pública internacional" sobre o objetivo de destruir o Hamas e erradicar a sua presença na Faixa de Gaza.

Netanyahu "procura pretextos para justificar o prosseguimento da guerra genocida, agravar a catástrofe humanitária e negar-se a estabelecer um Estado para o povo palestiniano", uma posição "à qual recorreu ontem [quinta-feira] deliberadamente para exagerar os perigos aos quais está exposto o Estado de Israel", argumentou a Autoridade Palestiniana.

O primeiro-ministro israelita indicou na quinta-feira ter transmitido aos Estados Unidos a sua oposição à criação de um Estado palestiniano como parte de um possível cenário do pós-guerra, e rejeitou que a Autoridade Palestiniana assuma o controlo do enclave no termo do conflito.

A administração norte-americana e a União Europeia têm defendido a designada solução de dois Estados e o Presidente norte-americano, Joe Biden, admitiu que a Autoridade Palestiniana poderia assumir o controlo da Faixa no termo do conflito, um território exíguo com 2,3 milhões de pessoas e controlado pelo Hamas desde 2007.

A direita e a extrema-direita israelitas, no poder, opõem-se à formação de um Estado palestiniano, uma posição prevalecente e que têm vindo a radicalizar.

"Sem o estabelecimento de um Estado palestiniano independente, com Jerusalém Leste como capital, não haverá segurança e estabilidade na região", retorquiu na noite de quinta-feira Nabil Abu Rudeina, porta-voz de Mahmoud Abbas, que ocupa a presidência da Autoridade Palestiniana.

O conflito em curso entre Israel e o Hamas, que desde 2007 governa na Faixa de Gaza, foi desencadeado pelo ataque do movimento islamita em território israelita em 07 de outubro.

Nesse dia, 1.140 pessoas foram mortas, na sua maioria civis mas também perto de 400 militares, segundo os últimos números oficiais israelitas. Cerca de 240 civis e militares foram sequestrados, com Israel a indicar que 127 permanecem na Faixa de Gaza.

Em retaliação, Israel, que prometeu destruir o movimento islamita palestiniano, bombardeia desde então a Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local liderado pelo Hamas, já foram mortas cerca de 25.000 pessoas -- na maioria mulheres, crianças e adolescentes -- e feridas mais de 60.000, também maioritariamente civis.

A ofensiva israelita também tem destruído a maioria das infraestruturas de Gaza e perto de dois milhões de pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas, a quase totalidade dos 2,3 milhões de habitantes do enclave, controlado pelo Hamas desde 2007.

A população da Faixa de Gaza também se confronta com uma crise humanitária sem precedentes, devido ao colapso dos hospitais, o surto de epidemias e escassez de água potável, alimentos, medicamentos e eletricidade.

Desde 07 de outubro, pelo menos 365 palestinianos também já foram mortos pelo Exército israelita e por ataques de colonos na Cisjordânia e Jerusalém Leste, territórios ocupados pelo Estado judaico, para além de se terem registado 5.600 detenções e mais de 3.000 feridos.