BE questiona Governo sobre "castástrofe" causada por bolas de plástico nas praias
O BE questionou hoje o Governo sobre a "catástrofe ambiental" causada pelas minúsculas bolas de plástico "que começam a chegar às praias portuguesas", após terem caído ao mar, num contentor, mil sacos com 26,2 toneladas e aparecerem na Galiza.
Em comunicado, a Distrital do BE de Viana do Castelo defende ser "fundamental que haja intervenção especializada e acompanhamento urgente desta situação", porque "as populações estão a mobilizar-se para tentarem limpar as praias" mas a tarefa é "particularmente difícil e extenuante porque as bolinhas de plástico são muito pequenas e confundem-se com a areia mais grossa".
Assim, o grupo parlamentar do BE perguntou ao Governo, através do ministério do Ambiente e Ação Climática, "que medidas urgentes vão ser implementadas para assegurar o acompanhamento desta situação" e "como se vai proceder à limpeza das praias".
O BE quer saber "quais os meios que vão ser ativados" e quais os "procedimentos a adotar com as autarquias bem como com o Parque Natural do Litoral Norte".
Em causa, diz o BE, está "um problema gravíssimo para o ambiente, para os oceanos, para os animais e para as praias que carece de intervenção urgente".
"Ao longo dos últimos dias, têm começado a chegar pequenas bolinhas de plástico às praias da costa Norte de Portugal. A origem desta tragédia ambiental remonta a 08 de dezembro, altura em que um cargueiro com bandeira da Libéria perdeu seis contentores, que caíram ao mar a cerca de 80 quilómetros de Viana do Castelo", descreve o BE.
Segundo o partido, "um desses contentores rebentou, derramando nas águas mil sacos (cerca 25 toneladas) contendo pequenas bolinhas brancas usadas na fabricação de plástico", também designadas por 'pellets'.
"Alguns destes sacos" e "enormes quantidades de bolinhas provenientes de sacos que terão rebentado" começaram "a dar à costa nas praias da Galiza".
Nas praias portuguesas "começaram também a surgir bolinhas de plástico", numa "invasão de plástico está a chegar inclusivamente ao Parque Natural do Litoral Norte (PNLN), que se estende ao longo de 16 quilómetros entre a foz do rio Neiva e a zona da Apúlia", diz o BE.
A distrital observa ainda que, "no âmbito do trabalho no Parlamento Europeu, os eurodeputados do Bloco de Esquerda Marisa Matias e José Gusmão assinaram em conjunto com outros eurodeputados uma carta à Comissão, ao Conselho e ao Parlamento Europeu designada 'Complaint about the environmental disaster of plastic pellet spill on the Galician coast and the need for urgent action'".
A Autoridade Marítima Nacional (AMN) recolheu, desde 08 de janeiro até terça-feira, cerca de 950 partículas de plástico entre Caminha e Figueira da Foz, disse na quarta-feira à Lusa fonte oficial.
"Continuamos a falar de quantidades pouco significativas. Algumas partículas não sabemos se serão iguais às que foram parar à Galiza após a queda do contentor, outros certamente não são, porque apresentam sinais de desgaste. Se cada partícula tiver um grama, que não tem, mil partículas seriam um quilograma", observou o porta-voz da AMN.
No âmbito do plano Mar Limpo, ativado na semana passada em Portugal devido às partículas de plástico que deram à costa no Norte de Espanha, em particular na Galiza, a AMN "reforçou o patrulhamento" nas praias de Caminha e Viana do Castelo, com "mais patrulhas diárias", mantendo "patrulhas diárias" em toda a área do departamento marítimo do Norte, que abrange as capitanias entre Caminha e Figueira da Foz.
No balanço de hoje, a Xunta da Galiza revelou ter recuperado nas praias, desde dia 10 de janeiro, "3.130 quilos de 'pellets', o equivalente a 125 sacos", para além de 7.700 quilos de outros plásticos.
Estão hoje no terreno "mais de 400 pessoas divididas por 51 praias de 27 concelhos".