Trump em julgamento por difamar mulher que o acusou de violação
O ex-presidente norte-americano Donald Trump foi hoje presente a tribunal em Manhattan, Nova Iorque, no início de um julgamento por difamação, por ter chamado mentirosa a uma mulher que o acusou de violação.
Quando o juiz disse aos futuros jurados que outro júri já tinha anteriormente determinado que o antigo Presidente dos Estados Unidos abusou sexualmente da colunista E. Jean Carroll na década de 1990, Trump abanou a cabeça com uma expressão de enojado.
Depois de uma vitória política na segunda-feira, nas convenções do Iowa, o pré-candidato presidencial favorito do Partido Republicano dirigiu-se àquele tribunal de Manhattan para o que equivale à fase de julgamento de um processo de difamação civil resultante das acusações de Carroll de que ele a atacou sexualmente num provador de uns grandes armazéns de moda.
Os futuros jurados foram informados de que o julgamento deverá durar entre três e cinco dias, seguindo-se as alegações iniciais do Ministério Público e da defesa.
Trump não compareceu ao julgamento anterior do caso, em maio passado, quando um júri concluiu que ele havia abusado sexualmente de Carroll e lhe concedeu uma indemnização de cinco milhões de dólares (4,6 milhões de euros).
À luz desse veredicto, o juiz Lewis A. Kaplan disse aos potenciais jurados que o julgamento que hoje começou se concentrará apenas em decidir o montante que Trump deve pagar a Carroll pelos comentários que fez sobre ela enquanto Presidente, em 2019.
Para efeitos do novo julgamento, já tinha sido determinado que Trump "agrediu sexualmente a senhora Carroll", disse Kaplan, levando Trump a abanar a cabeça profusamente.
No início do dia, o juiz rejeitou o pedido da defesa para suspender o julgamento na quinta-feira, para que Trump pudesse ir ao funeral da sogra, após uma troca de palavras combativa em que os advogados de Trump acusaram Kaplan de frustrar a sua defesa com decisões pré-julgamento sobre provas que eles argumentam serem favoráveis a Carroll.
"Não estou a impedi-lo de lá estar", disse o juiz, referindo-se ao funeral.
A advogada de Trump, Alina Habba, respondeu: "Não, está a impedi-lo de estar aqui".
Habba disse ao juiz que Trump tenciona depor. Kaplan disse que a única alteração que poderá fazer é deixar Trump depor na próxima segunda-feira, mesmo que o julgamento termine na quinta-feira.
Anteriormente, o juiz tinha rejeitado o pedido de Trump para adiar o julgamento por uma semana.
Trump tem cada vez mais feito com que os seus problemas com os tribunais - incluindo quatro casos criminais - façam parte da sua corrida para recuperar a Casa Branca, apresentando-se como uma vítima de advogados, juízes e procuradores politicamente alinhados e aproveitando a cobertura noticiosa que acompanha as suas idas a tribunal.
Na semana passada, Trump assistiu aos argumentos finais do processo de fraude movido contra ele pelo procurador-geral de Nova Iorque - e acabou por proferir uma diatribe de seis minutos após a intervenção dos seus advogados.
"Acho que se pode considerar que faz parte da campanha", disse Trump à imprensa na semana passada.
Fiel a si próprio, Trump disparou uma série de mensagens nas redes sociais sobre o caso de difamação, depois de chegar hoje ao tribunal numa caravana e de ter entrado por uma porta especial normalmente não utilizada pelo público.
Numa publicação na sua plataforma Truth Social, Trump, de 77 anos, escreveu que a acusação de violação de Carroll era uma "tentativa de EXTORSÃO" que envolvia "mentiras fabricadas e manobras políticas". Acusou também o juiz de lhe ter "ódio absoluto".
Carroll, de 80 anos, tenciona testemunhar sobre os danos causados à sua carreira e à sua reputação pelas declarações públicas de Trump e pretende obter 10 milhões de dólares (9,19 milhões de euros) como indemnização compensatória e mais alguns milhões a título de indemnização punitiva.
Se Trump depuser, estará sujeito a limites rígidos quanto ao que pode dizer. Por causa do veredicto anterior, disse o juiz, Trump não pode sentar-se no banco das testemunhas e afirmar que não abusou sexualmente de Carroll e que não a difamou.