Plus que ça change…
Novo ano com os mesmos desafios. Nada muda – nem é provável que mude… enquanto o paradigma se mantiver – e o paradigma é mais desenhado para apoiar o sector da construção que o turismo.
Realidade indiscutível… a Madeira não tem espaço nem massa para se tornar num destino de massas. Conclusão, não sendo um destino de massas, tem de procurar solução de nicho… tem de evitar a tentação dos números e optar por políticas de maior valor acrescentado.
Mas a verdade é que a administração regional de turismo nunca percebeu isto… de tal forma que a sua maior métrica de sucesso continua a ser o número de turistas que visitam a região. Não se fala do quanto gasta cada turista, nem dos custos decorrentes de os fazer chegar aqui, que seriam assuntos por demais pertinentes, principalmente para sectores como os cruzeiros e para os turistas que aqui chegam em low cost. Gostava particularmente de ver os números referentes a operadores como o Aida, ou dos passageiros que aqui chegam na Ryanair, embora admita que isso possa ser embirração minha…
Gostava também que se pensasse no turismo como um eixo estratégico de desenvolvimento da Região. O que implica que devem ser minimizados os riscos decorrentes do seu exercício (e isto implica uma análise muito cuidada do impacto da nova construção na Madeira e Porto Santo, nomeadamente em termos de paisagem), e de maximizar não só a cadeia de valor, como manter sob controlo regional tantos elementos quanto possível.
Desta forma, preferia ter visto os apoios à Ryanair vertidos na criação de um instrumento regional ou nacional de transporte aéreo. Seja ele a SATA, a TAP ou uma empresa madeirense… sustentável, e mais sensível às necessidades regionais. Será sempre melhor, para a região e para o país, ver os turistas que visitam a Madeira chegar numa transportadora nacional do que numa Ryanair, ou numa qualquer das operadores ligadas à TUI… ou qualquer das pseudo low cost europeias.
Até porque entregar demasiado do peso de transporte para a Madeira à Ryanair, por exemplo, nos tornará sensíveis às exigências (leia-se chantagem) desta companhia, mais que conhecida pelos seus comportamentos extorsionistas e menos que éticos.
Gostava muito de ver uma mudança de perspectiva sobre o turismo. Mas vou esperar sentado. Porque já anseio por esta mudança há demasiado tempo…