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FMI teme derrapagem orçamental em quase 80 países que realizam eleições em 2024

Foto Shutterstock
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A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou no domingo para o risco de derrapagem orçamental nos Estados que realizam eleições em 2024, com metade da população mundial a ser chamada às urnas.

"Quase 80 países vão ter eleições e sabemos o que está a acontecer, a pressão que existe para gastar durante os ciclos eleitorais", lembrou Kristalina Georgieva, em entrevista à agência de notícias France-Presse (AFP).

No entanto, a dirigente sublinhou que "os países precisam de reabastecer as suas reservas orçamentais e gerir a dívida que se acumulou", para lidar com os diversos choques desde a pandemia de covid-19.

A economia global foi mais sólida do que o esperado em 2023, o que permitiu aos Estados fazer poupanças, mas a responsável do FMI disse que o esforço deve continuar enquanto "a economia deverá experimentar uma aterragem suave", depois do pico de inflação observado nos últimos dois anos.

"A política monetária levada a cabo é a correta, mas o trabalho não está concluído. Por isso, é importante não a relaxar demasiado rapidamente ou demasiado tarde, mas também não ter uma política fiscal" que vá numa direção diferente, alertou Georgieva.

No ano de 2024 devem ser aplicadas as "lições aprendidas nos últimos anos": "Estar sempre prontos para enfrentar o inesperado. Devemos estar preparados para as incertezas que surgirão", o que exige margem em matéria de finanças públicas, que muitos Estados não têm depois de três anos de sucessivas crises, insistiu a dirigente.

O FMI "trabalha para ajudar os países a encontrar as melhores medidas a manter, o que devem continuar e onde concentrar a sua política fiscal. Porque, se a política monetária permanecer restritiva, se a despesa orçamental aumentar, isso irá contra o objetivo de reduzir a inflação", alertou Georgieva.

A dívida de todos os países aumentou significativamente, criando dificuldades nos estados mais vulneráveis, mas também em vários países emergentes, que enfrentam dificuldades de reembolso num contexto de subida das taxas de juro, disse a líder do FMI.

O custo da dívida pública "aumentou em todo o lado, mas permanece gerível em muitos países, porque tiveram a sabedoria de modificar a estrutura da sua dívida", detalhou Georgieva.

Mas "para certos países o problema da dívida torna-se dramático, quer porque se tornam insolventes, quer porque têm de gastar uma grande parte dos seus rendimentos" a pagar a dívida, limitando a sua capacidade de investir e financiar serviços essenciais, lamentou.