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Oxfam defende intervenção estatal para controlar concentração de riqueza

Foto Shutterstock
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A organização humanitária britânica Oxfam criticou hoje a crescente concentração de riqueza numa minoria de pessoas e defendeu maior regulamentação de empresas, uma legislação eficaz sobre remunerações e a aplicação de impostos sobre capital e lucros excessivos.

Num estudo intitulado "Desigualdade Lda" ["Inequality Inc", na versão em inglês] sobre a desigualdade e o poder das empresas a nível mundial, publicado para coincidir com o primeiro dia do Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça, a Oxfam revela que as fortunas dos cinco homens mais ricos aumentaram 114% desde 2020.

De acordo com o estudo, 148 empresas geraram lucros de 1,8 biliões de dólares (1,64 biliões de euros ao câmbio atual), mais 52% do que a média dos últimos três anos, e distribuíram prémios aos acionistas ricos, enquanto centenas de milhões de pessoas sofreram cortes nos salários reais.

Segundo a revista norte-americana Forbes, o homem mais rico do mundo é o empresário norte-americano Elon Musk (dono da rede social X e da marca de automóveis Tesla) com uma riqueza líquida estimada em 235 mil milhões de dólares (cerca de 215 mil milhões de euros), seguido pelo francês Bernard Arnaut e família (que detêm a gigante francesa de artigos de luxo LVMH) que acumularam 183 mil milhões de dólares (cerca de 167 mil milhões de euros). 

De acordo com os cálculos da Oxfam, os cinco homens mais ricos do mundo mais do que duplicaram as fortunas desde 2020 a um ritmo de 14 milhões de dólares (cerca de 13 milhões de euros) por hora.

A continuar esta tendência, a organização não-governamental (ONG) prevê que uma pessoa poderá tornar-se no primeiro bilionário de sempre na próxima década, mas seriam necessários mais de dois séculos para acabar com a pobreza. 

No documento hoje publicado, a Oxfam defende que os Governos à escala mundial devem intervir para reduzir "rápida e radicalmente o fosso entre os super-ricos e o resto da sociedade", investindo em serviços públicos como o da Saúde e Educação e em participações em setores essenciais como os da Energia e Transportes. 

A organização sugere também uma legislação sobre salários dignos, limitar a remuneração de executivos e a criação de novos impostos sobre os super-ricos e os lucros excessivos. 

A Oxfam calcula que um imposto sobre a riqueza dos milionários em todo o mundo poderia gerar 1,8 biliões de dólares (cerca de 1,64 biliões de euros) por ano.

Por fim, a ONG propõe alterações à forma de gestão das empresas com participação dos trabalhadores para redistribuir a riqueza pelos mais pobres. 

O diretor-executivo interino da Oxfam International, Amitabh Behar, confia que a intervenção estatal pode conter a crescente desigualdade mundial e a acumulação de riqueza por milionários.

"O poder público pode controlar o poder empresarial descontrolado e a desigualdade, moldando o mercado para ser mais justo e livre do controlo dos bilionários. Os Governos têm de intervir para acabar com os monopólios, dar poder aos trabalhadores, tributar os enormes lucros das empresas e, sobretudo, investir numa nova era de bens e serviços públicos", afirma o representante citado no estudo.

O Fórum Económico Mundial de Davos, que reúne anualmente figuras do meio empresarial, da política e da diplomacia, arranca hoje focado em debater a reconstrução da confiança num mundo atingido por conflitos como os de Gaza e da Ucrânia.

Na 54.ª edição do Fórum de Davos, que vai decorrer até sexta-feira, são esperados 60 chefes de Estado e de Governo.