2024: O Ano da Democracia?
Após o recrudescimento do conflito no Oriente Médio e da invasão russa à Ucrânia, que continua a se intensificar, novos episódios violentos somam-se em 2024, tais como os bombardeios dos Estados Unidos e o Reino Unido contra os rebeldes Houthis no Iémen, em retaliação pelas ofensivas contra navios comerciais na região. O mundo em 2024 concentra a maior quantidade de confrontos ativos desde o final da Segunda Guerra Mundial.
Um panorama que faz com que os cidadãos depositem as suas esperanças nos líderes políticos para conseguirem a tão desejada paz mundial. E o caminho para alcançá-la é a democracia, sendo as eleições um símbolo incontestável desse sistema.
2024 é um ano marcado por processos eleitorais. Mais de quatro mil milhões de pessoas são chamadas a votar em 79 países, aproximadamente 51% da população mundial. Os madeirenses não são alheios a essa realidade já que serão chamados a marcar presença em dois processos eleitorais: as eleições legislativas nacionais a 10 de março e as europeias, que se celebram entre 6 e 9 de junho. Uma data crucial no calendário é também a das eleições presidenciais na Venezuela, cujo resultado será determinante para o futuro dos nossos emigrantes.
Embora não saibamos se o exercício do voto trará uma nova configuração política global que garanta a paz e a estabilidade do sistema democrático, para os madeirenses é de especial relevância acreditar que o projeto europeu continua a ser a via para assegurar um Estado de Direito.
A Madeira e a cidade de Bruxelas, uma das sedes do poder europeu, estão separadas por aproximadamente 2650 quilómetros. No entanto, essa distância desaparece ao considerarmos o desenvolvimento proporcionado à nossa ilha pelos fundos europeus e como o espaço Schengen facilitou a vida de milhares de emigrantes madeirenses espalhados pelos países da União Europeia (UE).
Votar é um direito e um dever, especialmente quando os ventos da extrema-direita ameaçam alcançar as instituições europeias, pondo em xeque-mate o sistema democrático. Um raio de esperança parece ter surgido com a aprovação do Pacto em matéria de Migração e Asilo, no final de 2023. A adoção deste pacto envia uma mensagem unificada sobre a abordagem coletiva na gestão da migração na UE, contrapondo-se à manipulação por parte de partidos de extrema-direita que exploram a imigração como um instrumento político para angariar votos.
A importância do voto para preservar o Estado de Direito, a liberdade e a democracia é inquestionável e em 2024 milhares de pessoas terão a oportunidade de demonstrar o compromisso cidadão para defender os valores fundamentais que sustentam uma sociedade justa e livre.