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O que aprendemos com a Covid-19?

O período da Covid-19 deveria ter-nos ensinado a adotar comportamentos de segurança e de cuidado

Iniciamos 2024 com um comunicado da Direção-Geral da Saúde a recomendar a utilização de máscara em “locais muito frequentados, com aglomerados de pessoas e sobretudo em espaços fechados” face ao “aumento do impacto da epidemia de gripe”. Porque em Portugal já não há Covid.

Na vizinha Espanha existe, desde a passada 4.ª feira, a obrigatoriedade do uso de máscaras em hospitais e clínicas de saúde, em virtude do aumento dos casos de gripe e de Covid-19. Foram mais transparentes e honestos, divulgando toda a informação.

Itália também divulgou que as taxas de infeção por doenças respiratórias atingiram um recorde. Evitou o termo Covid-19, mas incluíram todas as doenças.

Esta semana, numa das viagens em autocarro, perante uma lotação excessiva de pessoas, com algumas com tosse excessiva, um senhor sentado ao meu lado meteu conversa e dizia-me: “A este ritmo, com estas gripes, qualquer dia temos novamente de usar máscara”. Fiquei a pensar de como este homem com mais idade tinha percebido a verdadeira razão do uso da máscara que não deve ser associado apenas à existência da Covid-19.

Precisamos de adotar comportamentos de segurança em grupo. Existem muitas outras doenças que não são a Covid-19 e que são contagiosas. Só se usa máscara na Covid-19? Não interessa ver ninguém com máscara na rua para não assustar o turista? Mas não se teve qualquer prurido em encerrar o aeroporto… Não deveria este assunto ser tratado com seriedade, mas também com leveza? Não são as máscaras usadas em tantas outras situações? Atenção que não sou a favor da obrigatoriedade. Mas sou a favor da consciencialização das pessoas para avaliar o risco para a sua própria saúde e para a comunidade. Algumas pessoas, perante a sua fragilidade, deveriam usar a máscara em aglomerados fechados para evitar riscos de doença agravada.

É um facto que existe um grande número de pessoas que estão, neste momento, com a Gripe A. Estas pessoas se não adotarem comportamentos corretos podem estar a contagiar um grande número de pessoas que, dependendo da situação do seu sistema imunológico, podem ver a sua vida complicada. E existem casos de internamento.

O que aprendemos sobre a forma de tossir e dos cuidados a ter? Para algumas pessoas, isto é provavelmente uma baboseirada. Mas os comportamentos que vi durante esta semana nos autocarros é extremamente preocupante.

Antes da Covid, considerava falta de educação quem tossia livremente sem qualquer proteção na boca. Coitados, não tinham tido quem lhes ensinasse. Hoje, para além de considerar falta de educação e de elegância, considero falta de higiene e de consideração perante todas as outras pessoas. Afinal, o que aprendemos enquanto sociedade com a Covid-19? É preciso o governo fazer uma campanha para ensinar-nos a tossir?

Também esta semana uma pessoa conhecida contou-me que se sentiu muito mal e procurou autotestes da Covid-19 em 2 farmácias e não os encontrou. Trabalhou o tempo todo. Não sabe se teve Covid ou Gripe A. Mas foram 2 semanas em que conviveu com a comunidade e sabe-se lá Deus se usou máscara ou não. E se esta pessoa fosse funcionária de supermercado? E se trabalhasse em charcutaria? Ou numa padaria? Por acaso a Covid-19 já acabou? Porque não se fala já não existe?

Se tudo o que vivemos durante aquele período foi uma baboseirada, então, devemos concluir que fomos todos enganados? E os comportamentos de segurança e as orientações de autoteste foram para quê? Procurar aumentar a segurança da saúde da população? Ou foram para arranjar uns “trocados” para alguns grupos económicos? Se foram para a segurança da população, não deveriam ser garantidas medidas mínimas da saúde em comunidade ao longo do tempo? Tem alguma lógica haver falta de autotestes nas farmácias?

O período da Covid-19 deveria ter-nos ensinado a adotar comportamentos de segurança e de cuidado. Mas, o que a maioria pretende é voltar ao passado sem qualquer cuidado. Para cada decisão, existe uma consequência.

Desde nova que sempre ouvi que a gripe é a mãe de todas as doenças. As doenças respiratórias nos idosos sempre foram problemáticas e podem ser a origem de muitas complicações de saúde. É preciso cada um ter consciência das suas fragilidades e dos outros, sem egoísmos. É preciso adotar comportamentos de segurança.