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Madeira

Alfredo Janeiro foi um dos açorianos encaminhados para a Madeira

Homem, de 71 anos, vítima de AVC, gravou testemunho enquanto se encontrava em recuperação no Hospital Dr. Nélio Mendonça

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Na rubrica ‘Final Feliz’ desta semana, que pode ler na edição impressa deste sábado, o DIÁRIO dá a conhecer a história de Alfredo Janeiro, um dos 12 doentes, provenientes dos Açores, com indicação de AVC, que foram encaminhados para o Hospital Dr. Nélio Mendonça, no âmbito do protocolo entre as duas regiões.

O homem, que regressou a São Miguel a 29 de Dezembro de 2023, gravou um testemunho em vídeo – juntamente com a filha e cuidadora, Ana Janeiro – durante a estadia nos cuidados regionais de saúde, que foi cedido ao DIÁRIO pelo SESARAM. Confira abaixo:

O meu pai não conseguia ser tratado nos Açores e se lá ficasse, se calhar, não estava assim. A recuperação tem sido excelente. Toda a gente admira-se. O acompanhamento tem sido muito bom e a intervenção foi rápida  Ana Janeiro

Alfredo Janeiro, de 71 anos, deu entrada no Hospital Dr. Nélio Mendonça, a 14 de Dezembro último, com um quadro de Acidente Vascular Cerebral (AVC) em situação aguda.

Ainda nos Açores – de onde foi transportado pela Força Aérea – realizou uma trombólise endovenosa, no Hospital de Ponta da Delgada, e, já na Madeira, uma trombectomia.

“Duas intervenções que, quando combinadas, resultam, na maior parte das vezes, numa reversão excelente das sequelas provocadas pelo AVC, como é o caso deste doente que apresentava dificuldades na fala e perda de movimento no lado direito do corpo”, explica o Serviço de Saúde da Região, que em 2023 recebeu 29 doentes ao abrigo dos protocolos celebrados entre a Madeira e os Açores. A maior parte destes doentes, 12, corresponde precisamente a situações de doenças cerebrovasculares (AVC), para as quais não existe capacidade de resposta do sistema de saúde açoriano.

SESARAM recebeu 29 doentes no âmbito do protocolo com os Açores

O Serviço de Saúde da Região (SESARAM) recebeu, em 2023, ao abrigo dos protocolos celebrados entre a Madeira e os Açores, na área da Saúde, 29 doentes. 

Refira-se, de acordo com a Sociedade Portuguesa de AVC, que quanto menor for o tempo entre o aparecimento dos sintomas e a chegada ao hospital, maior será a probabilidade de sobreviver sem sequelas ou com sequelas mínimas.

SINTOMAS

Importa ter em atenção os sintomas de um derrame cerebral conhecidos pela nomeação dos “3 F”:

  • Face Desvio da face (“boca ao lado”)
  • Força Falta de força num braço ou perna, de um lado do corpo
  • Fala Fala arrastada, não conseguir falar ou não entender as palavras que ouve

Outros sintomas associados podem ser:

  • Alterações da visão (perda de visão ou por vezes visão dupla)
  • Desequilíbrio
  • Dor de cabeça muito intensa e súbita

COMO AGIR?

Procedimentos que podem facilitar o reconhecimento dos sinais de AVC:

Pedir que a pessoa ria e observar se um dos lados está descaído / boca de lado Pedir que levante os braços e observar se um braço tem menos força do que o outro Pedir para dizer uma frase simples e repetir. A pessoa terá dificuldade em falar e as respostas serão incoerentes

Os sinais do AVC surgem de um momento para o outro. Perante o surgimento, deverão ser activados rapidamente os meios de emergência.

O QUE FAZER SE TIVER UM NOVO AVC?

Após um AVC, os primeiros tempos são de grande risco para que se volte a repetir um novo AVC. Para o evitar, é muito importante seguir os conselhos médicos e adoptar um estilo de vida saudável. Ainda assim, caso ocorra qualquer sinal ou sintoma de um novo AVC – sintomas semelhantes aos que sentiu no AVC prévio, alterações da força ou da sensibilidade de novo, desvio da face (boca ao lado), alterações da fala ou do equilíbrio, alterações súbitas da visão – deve-se contactar rapidamente o 112.

Ainda que esteja a ser acompanhado e tenha uma consulta médica agendada, na presença de algum destes sintomas de forma súbita, deve de imediato ser visto num serviço de urgência e NÃO DEVE ESPERAR por ser visto em consulta programada.

O QUE CAUSA UM AVC?

Existem factores de risco que aumentam a probabilidade de ter um AVC, tais como:

Hipertensão (tensão arterial elevada)

70% das pessoas que sofrem um AVC têm hipertensão As tensões devem estar abaixo de 140/90, e, de preferência, abaixo de 130/80.

Tabagismo

Fumar é um acelerador para o desenvolvimento da aterosclerose, e para o aumento dos níveis de coagulação no sangue. Também aumenta os danos causados às paredes dos vasos sanguíneos do cérebro. Contribui para o aparecimento de diabetes e hipertensão arterial.

Fibrilação auricular

É uma arritmia cardíaca comum, e a sua frequência aumenta com a idade. Desenvolve-se geralmente em doentes que sofrem de outras doenças cardíacas. O sangue flui de forma anormalmente lenta, tende a coagular e a causar trombos, que podem ser depois conduzidos pela circulação sanguínea ao cérebro, entupindo uma artéria e causando um AVC.

Diabetes

O AVC é 4 vezes mais comum em doentes com diabetes em comparação com a população em geral.

Gordura no sangue em níveis elevados

É particularmente importante manter-se níveis baixos de “mau” colesterol (LDL) e níveis elevados de colesterol “bom” (HDL), assegurando que o nível total de colesterol no sangue não exceda 190 mg/dl.

Consumo excessivo de álcool

Beber em excesso é um factor de risco para um AVC, especialmente hemorrágico.

Obesidade

O risco de sofrer um AVC é maior em pessoas obesas. Sobretudo quando a tendência é a acumulação de gordura no centro do corpo, conhecida como “obesidade abdominal”.

Aterosclerose

É uma doença que se caracteriza pelo desenvolvimento de placas nas paredes das artérias. Estas podem provocar o seu entupimento, e facilitam que o sangue aí forme trombos que acabam por tapar a artéria, ou deslocar-se com a corrente sanguínea e tapar um ramo arterial subsequente, mais pequeno.

COMPORTAMENTOS DE PREVENÇÃO

Existem medidas preventivas para diminuir a possibilidade de um AVC:

  • Não fumar Alimentar-se saudavelmente (em baixo teor de gordura e alto teor de fibra)
  • Moderar o sal e o álcool
  • Fazer exercício regular (30 minutos diários)
  • Controlar periodicamente a tensão e a diabetes