"Enquanto as mulheres forem discriminadas, nenhum homem será verdadeiramente livre"
Decorreu esta sexta-feira, 12 de Janeiro, no auditório do Sindicato dos Professores da Madeira, o encontro temático promovido pela CIMH-CGTP/IN -'Emprego de Qualidade, Efectivar a Igualdade, Aumentar a Natalidade'. Na ocasião, a sindicalista Maria José Afonseca afirmou que existem lutas que "duram séculos", como é o caso da "igualdade entre mulheres e homens no trabalho, na vida, na sociedade".
A Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses — Intersindical Nacional (CGTP-IN) afirma que assume o "papel na luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras ao longo de mais de meio século de existência", disse Maria José Afonseca.
Esta não é uma luta só de mulheres. Nem é uma luta que oponha mulheres e homens, pois “enquanto as mulheres forem discriminadas, nenhum homem será verdadeiramente livre”. Maria José Afonseca.
Afirmou ainda que apesar de as mulheres confrontarem a igualdade conquistada e consagrada na Constituição e na lei, esta "nem sempre" acontece no trabalho e na vida. "Aqui na Madeira elas são uma força activa, que se torna evidente nos plenários, nas greves, nas manifestações, nas pequenas e grandes lutas pela valorização e dignificação do trabalho. São, geralmente, as primeiras a ser despedidas ou a não verem o seu contrato de trabalho renovado, em especial, as jovens com vínculo precário e as trabalhadoras grávidas".
São elas que maioritariamente recebem o salário mínimo nacional e que ganham menos comparativamente com os seus companheiros de trabalho, alimentando o lucro patronal. Elogiadas para trabalhar, continuam a ser esquecidas para receber. Maria José Afonseca.
Acrescenta que são as mulheres que, em média, mais horas trabalham, seja no trabalho ou em casa. "São as mulheres que, em média, trabalham mais horas, seja nas tarefas profissionais, seja nas tarefas de casa, às quais se junta o tempo gasto em transportes que lhes reduz o descanso e a participação na vida familiar, social e política. Agravado pelo crescimento, entre as mulheres, do trabalho em regime de turnos, nocturno, aos feriados e fins-de-semana", disse.
Por outro lado, muitas situações de teletrabalho não desejado, com todos os retrocessos que encerra, designadamente na individualização da relação de trabalho, no isolamento social e na saúde mental, vêm desenterrar velhas ideias de remeter as mulheres para casa e para o seu duplo papel de cuidadoras, com prejuízos no enquadramento e evolução profissional e na sua própria emancipação. Maria José Afonseca.
Apresentou, no seu discurso vários problemas, mas que esclarece que existem "propostas, soluções e resultados positivos já alcançados, nomeadamente em relação à defesa do emprego e valorização das carreiras profissionais, contra a precariedade; à regulamentação dos horários de trabalho e salvaguarda da conciliação; ao aumento dos salários, contra as discriminações salariais; ao combate ao assédio; à prevenção das doenças profissionais e defesa da saúde mental".
Um processo de luta que está interligado com o papel destacado que as mulheres têm tido na frente de luta pela igualdade, pela paz, pelo direito ao trabalho com direitos, pela habitação, pela defesa e melhoria de serviços públicos e das funções sociais do Estado, como a Saúde, a Educação e a Segurança Social. Maria José Afonseca.