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A Madeira precisa de uma alternativa

Apesar da eleição recente do actual governo, a Madeira precisa de um novo fôlego governativo, Se é verdade que a oposição foi incapaz de mostrar que tinha uma alternativa, não é menos verdade que o pouco que ainda foi visto do governo PSD/CDS/PAN não entusiasma o povo da Madeira e, sobretudo, não deixa tranquilo quem está confrontado com problemas antigos, mas cujas respostas continuam a ser as mesmas que mostraram total ineficácia.

Sendo assim, cabe ao PS M, principal partido de oposição, arrancar este fim de semana com uma nova energia e um novo rumo. Não bastam roupagens diferentes, é preciso construir consensos na sociedade, atraindo novas pessoas e desenhando propostas concretas com credibilidade, sem demagogia e bem sustentadas. Este caminho precisa de bases sólidas para não borregar antes de levantar ou mostrar ziguezagues pelo meio do caminho. Para isso há uma condição essencial: reforçar a unidade do partido e juntar todos à volta do trajecto que se quer construir. O acto de juntar intervenientes que fazem parte de uma instituição política é complexo e trabalhoso. É daqueles momentos em que a liderança deve despir as certezas inabaláveis para ouvir todos. É duro. É desafiante. Às vezes até é provocador. Mas é a única forma capaz de edificar uma solução robusta que venha a surgir na sociedade, sem atropelos internos. Nada disto faz-se com imposições bacocas, saloias, ou pior, com chantagem. O caminho para criar a alternativa que a Madeira precisa começa dentro do PS M e exige tolerância, capacidade de ouvir o que não se gosta num permanente exercício de humildade. Todos temos de estar disponíveis, mas todos temos de ser ouvidos. O partido deve ser capaz de criar os fóruns de debate interno que assegurem que os militantes e simpatizantes têm espaço para discordar, momentos para opinar e, sobretudo, que não estão a fazer de elemento ornamental!

É com este espírito que estarei no congresso do PS M: de contribuir e de dizer o que penso. Com moderação e a elevação que um partido de poder exige.

É nesta perspectiva que penso que a Madeira não pode esperar mais por iniciativas políticas que procurem resolver problemas antigos que nunca foram convenientemente resolvidos e foram sempre embrulhados em controvérsias deliberadas para fingir que se muda alguma coisa para ficar tudo igual. Darei apenas alguns exemplos para lembrança futura. A questão antiga e premente da operação portuária na Madeira. Esta, conjugada com a verticalização do sector - transporte marítimo, logística, transporte terrestre - num único operador, traz perigos e desafios novos aos madeirenses Há ou não lugar a novas propostas para salvaguardar o interesse do povo? Outro tema antigo é a inspecção automóvel. Fui líder parlamentar na ALRAM e apresentei várias soluções para impedir um monopólio que não beneficia a Madeira porque impede novos operadores e limita a qualidade. Nesta área tudo mudou no plano nacional. Na Madeira continuou tudo igual. Outra questão tem a ver com a energia e sobretudo com as ineficiências graves que ainda existem na produção de electricidade com uso de matéria prima fóssil, através de intermediários. É algo quase primitivo, que pode ser lucrativo, mas não é bom para a Madeira. No plano dos temas velhos, está também a necessidade de desenhar um plano estratégico para o CINM. Sem uma estratégia que enquadre os novos tempos e desafios continuaremos a estar sujeitos a fragilidades sucessivas no plano da negociação europeia. Na mesma linha há a questão de um plano consistente para a utilização dos novos cabos submarinos . Defendo a concessão à Região, mas é fundamental saber o que fazer com esta possibilidade. No plano social é preciso novos modelos para construir habitação para todos os que precisam a preços acessíveis e novas políticas, e acordos, para complementar as prestações sociais, as reformas e o salário mínimo. A criação de um fundo próprio no ORAM para executar uma política de complementaridade deve ser uma aposta.