O Rumo da iliteracia política
Ninguém duvide que a governação de um país ou qualquer território, levada a cabo por políticos válidos e competentes, capazes de prosseguir boas políticas nas mais diversas áreas de intervenção, promovem o seu desenvolvimento sustentado e o seu índice de satisfação pública.
A capacidade de planeamento e concretização no âmbito do investimento público e o consequente desenvolvimento económico-social, as políticas de educação, da saúde, da justiça, da competente coordenação com as relações externas, todas elas, quando bem agilizadas e organizadas, promovem indubitavelmente a sua própria coesão. E um país bem organizado é desde logo respeitado interna e externamente, não só pela capacidade de satisfação do interesse coletivo, pela demonstração de força que detém, mas sobretudo pela capacidade atrativa e o próprio efeito multiplicador que isso mesmo representa para qualquer país.
Demagogias à parte, todos sabemos que países perfeitos não existem, assim como instituições perfeitas não existem, assim como pessoas perfeitas não existem. E é verdade que neste mundo das imperfeições a história tem revelado muitas incompetências governativas, inúmeros casos de corrupção, favorecimentos, peculatos entre outros delitos que têm vindo a denegrir e a banalizar a dignidade e a importância da política e da classe que a exerce.
A própria sociedade, de certa forma cansada do que tem assistido ao longo dos anos, aliada ao consequente sentimento de revolta, desinteresse e muita ignorância à mistura, perante qualquer suspeição e ajudada pela capacidade incendiária das redes sociais e não só, acaba por ditar a condenação em praça pública, antes de qualquer apuramento da verdade, cuja competência cabe apenas aos tribunais. E a verdade é que, infelizmente, com ou sem razão, quando a decisão do Tribunal se torna definitiva, os visados já foram condenados e espezinhados publicamente, deixando, não raras as vezes, um rasto de destruição na esfera pessoal do visado.
Que justiça seja feita, qualquer pessoa que se preze assim o deseja, mas a verdade é que a condenação sem fundamento e na praça pública, tem um efeito claramente desmotivador para todos aqueles que exercem as suas funções com dignidade.
Tudo isto acrescido aos movimentos populistas e extremistas, que pretendem tudo menos trabalhar em prol do interesse público e que nada mais fazem do que se aproveitar destas brechas para pregar as suas demagogias e denegrir ainda mais a imagem dos políticos, que não poupam aqueles que o fazem de forma séria, ditam, isso sim, o crescente afastamento de indivíduos verdadeiramente competentes e capazes de levar a cabo esta nobre missão.
Resta-nos refletir se é este o caminho que queremos seguir e por quem queremos ser governados; se desta forma estamos a captar para a vida pública indivíduos e sobretudo jovens capazes.
Que se reflita se queremos ser o espelho de muitos países, onde a Europa não é exceção, cuja fraqueza política os está a deixar à beira de regimes anárquicos.
É este o rumo que queremos seguir e o legado que queremos deixar?