O fim da picada
Esta campanha eleitoral que se avizinha é o “fim da picada” para o governo que é composto por aqueles protagonistas socialistas que daqui a três meses estarão transformados em diferentes pessoas e em melhores governantes.
Sempre ouvi dizer que as pessoas não mudam completamente de um momento para o outro e no caso do PS temos governantes que tentam fazer um “golpe de rins” passando a mensagem exercer a função de ministro é como exercer um cargo equivalente a um “soldado raso” de um exército onde o primeiro-ministro de saída é ou foi um poderoso General e que os seus ministros se resumiram a cumprir ordens. Apesar do episódio de desobediência de Pedro Nuno Santo, a propósito da localização do aeroporto, ajudar a este género de retórica de desresponsabilização dos ministros PS, a verdade é que ser ministro não é um cargo meramente executor da vontade do primeiro-ministro. Quem conhece bem o funcionamento da função pública, sabe bem do que falo e do poder imenso que tem um ministro na orgânica do Estado.
O maior cúmplice, e diria até mesmo, o pioneiro desta argumentação do “ministro meramente executor” é João Costa, ministro da educação, que foi logo o primeiro a ver no horizonte a possibilidade de continuidade no cargo de ministro através do seu apoio partidário a Pedro Nuno Santos.
O fantástico “golpe de rins” de alguém que diz que de futuro fará tudo ao contrário do que fez no passado somente devido à mudança de primeiro-ministro, ganhou de forma inconsciente ou consciente dentro do PS adeptos e moldou a retórica de todos os protagonistas.
O revés desta argumentação é que o povo se apercebe que no caso do PS ganhar as eleições, irão voltar ao poder todos os protagonistas políticos que gravitaram à volta de Costa... só que desta vez em redor de um líder sem a experiência governativa de António Costa.
Perante este cenário digo como se dizia antigamente que a política em Portugal nos próximos tempos será “o fim da picada” se os portugueses caírem na máquina de propaganda que faz as pessoas tornarem-se noutras em apenas três meses.
Paulo Freitas do Amaral