ONU preocupada com situação no Mar Vermelho e com risco de escalada na região
O porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas disse hoje que a organização está muito preocupada com a situação no Mar Vermelho e com o risco de escalada na região.
"Continuamos muito preocupados com a situação no Mar Vermelho, não apenas com a situação em si, com os riscos para o comércio global, o ambiente e as pessoas, mas também com os riscos de escalada de um conflito mais grave no Médio Oriente", afirmou Stéphane Dujarric.
O Conselho de Segurança da ONU deverá votar hoje uma resolução a pedir o fim dos ataques dos rebeldes Houthi do Iémen a navios no Mar Vermelho.
De acordo com a AFP, o rascunho do texto, a que a agência francesa teve acesso, "condena nos termos mais veementes os ataques, pelo menos duas dezenas, contra navios mercantes e comerciais desde 19 de novembro de 2023", data em que os rebeldes tomaram o Galaxy Leader, e fizeram reféns os seus 25 tripulantes.
O texto "exige que os Houthis ponham imediatamente fim a tais ataques, que dificultam o comércio internacional e minam os direitos e liberdades de navegação, bem como a paz e a segurança na região".
Insistindo no respeito pelo direito internacional, o Conselho de Segurança reconhece o direito de os estados-membros defenderem os navios contra ataques.
Desde o início da guerra, em 07 de outubro, entre Israel e o grupo islamita do Hamas, os Houthis, que controlam grande parte do Iémen, intensificaram os ataques no Mar Vermelho, com o objetivo de abrandar o tráfego marítimo internacional, alegando agir em solidariedade com os palestinianos de Gaza.
Os Estados Unidos, um dos maiores aliados de Israel, criaram, em dezembro, uma coligação internacional para proteger o tráfego marítimo dos ataques Houthi naquela zona estratégica por onde passa 12% do comércio mundial.
O projeto de resolução, que assinala as violações "em grande escala" do embargo de armas aos rebeldes Houthis, recorda também a necessidade de todos os estados-membros "respeitarem as suas obrigações" a este respeito e "condenarem o fornecimento de armas" aos Houthis, perto de Irão.
De acordo com o último relatório de peritos mandatados pelo Conselho de Segurança para monitorizar o embargo de armas, datado de novembro, os Houthis estão "a reforçar consideravelmente as suas capacidades militares terrestres e navais, incluindo submarinos, bem como o seu arsenal de mísseis e drones, em violação do embargo".
O projeto de resolução apela ainda a "arrancar as raízes" da situação, "incluindo os conflitos que contribuem para as tensões regionais".
De acordo com um documento ao qual a AFP teve acesso, a Rússia deverá propor três alterações ao projeto de resolução, incluindo uma para adicionar especificamente "o conflito na Faixa de Gaza" entre os fatores que contribuem para as tensões.