JPP inspirava novela da TVI
Se eu fosse dono da TVI pedia à equipa de argumentistas da casa para escreverem uma novela inspirada nos irmãos Filipe e Élvio Sousa, do JPP. Tenho a certeza de que iria ser líder de audiências e que iria cativar e prender a atenção dos espetadores, pois não faltariam peripécias, ciúmes, momentos de terror, de revolta, trama e intriga, para além de contar com muitos maus da fita, o que é sempre chamativo.
Como é óbvio, a obra seria de pura ficção, sem qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real. Uma mera coincidência, com base na história de vida de dois irmãos de uma pequena aldeia, interpretados por dois atores altos e bonitos, como mandam as regras de qualquer obra de ficção.
A novela começaria com a ascensão dos unidos irmãos, numa terra de socialistas, onde iriam impor-se e expulsar quem lá tentava reinar. Seria a primeira parte de um complô que levaria um dos irmãos a líder da terra que o tinha visto nascer.
O outro irmão, sempre com um papel secundário, por ser muito menos popular, à boleia da conquista do mano, ganharia então e também a oportunidade de se mostrar e aparecer, desta feita num outro território e numa primeira fase como se fosse um dos bonzinhos da fita.
Mas como a ânsia do poder faz parte do enredo da vida, aí começaria a saga e a catapultarem os episódios mais quentes, as verdadeiras intrigas e a trama, consubstanciada no aparecimento de novos atores, igualmente com sede de protagonismo, que influenciaram o irmão menor a menosprezar quem sempre esteve ao lado dele.
É nesse instante que a novela dá uma volta de 180 graus, sobretudo quando a mulher e alguns amigos do irmão que é presidente se revoltam. Aí ficam todos a saber que família que parecia perfeita está desfeita. Porque o linchamento público a quem tanto deu e a tudo é retirado não era para menos.
Os sonsos e falsos, agarrados ao irmão que ataca o poder, dão então as mãos e elevam aquele que passa a ser o novo líder, imposto à força, e que se presta a um discurso de ódio, como sendo salvador da pátria, apesar da maioria dos espetadores saber que não passa de um traidor. Um traidor que chega ao cúmulo de pedir a confiança do povo, a quem mede para não terem medo, apesar de aterrorizar internamente e a ferir o povo, simplesmente por preferir muito mais o mano apaziguador, mas que nesta fase é obrigado a resumir-se a uma insignificância atroz.
O resto da novela fica para os argumentistas. Só dei um cheirinho. Mas não me parece que vá ter um final feliz, apesar de qualquer um dos irmãos, sobretudo o traidor, dizer que está tudo bem, em mais uma tentativa de enganar o povo.
Felizmente, tudo o que acabou de ser escrito é uma mera ficção. Apesar dos espetadores terem ficado a saber o que valem um dos irmãos e os respetivos amigos.
Jorge Almeida Carvalho