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Canadá lança inquérito público sobre ingerência estrangeira sobretudo da China

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O Governo canadiano lançou oficialmente um inquérito público sobre a ingerência estrangeira, em particular da China, nas suas instituições eleitorais e democráticas, após vários meses de pressão por parte da oposição.

A juíza do Tribunal de Recurso do Quebeque Marie-Josée Hogue, que Otava descreve num comunicado como "uma das melhores advogadas litigantes do Canadá", presidirá a esta nova comissão de inquérito a partir de 18 de setembro.

"A juíza Hogue terá por missão analisar e avaliar a ingerência da China, da Rússia e de outros atores estatais e não-estatais (...) a fim de confirmar a integridade das eleições gerais de 2019 e 2021", declarou hoje o ministro da Segurança Pública e das Instituições Democráticas, Dominic LeBlanc, numa conferência de imprensa.

Nos últimos meses, suspeitas de interferência chinesa nas duas mais recentes eleições federais no Canadá colocaram o Governo sob a pressão dos partidos da oposição.

Em março, o primeiro-ministro, Justin Trudeau, tinha confiado a David Johnston, um antigo governador-geral, a delicada missão de investigar as suspeitas de ingerência de Pequim, mas este -- criticado por ser demasiado próximo de Trudeau -- demitiu-se três meses depois.

A comissária Hogue deverá apresentar no final de fevereiro um balanço sobre os progressos da sua investigação e entregar o seu relatório final ao Governo federal em dezembro de 2024.

"A ingerência estrangeira nas instituições democráticas canadianas é inaceitável", sublinhou o ministro LeBlanc.

As relações sino-canadianas degradaram-se fortemente há cinco anos, quando o Canadá, a pedido dos Estados Unidos, procedeu à detenção da diretora financeira da gigante das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou.

Alguns dias depois, dois cidadãos canadianos, Michael Spavor, um empresário, e o ex-diplomata Michael Kovrig, foram detidos na China, o que foi então generalizadamente considerado uma medida de retaliação.

Embora essas três pessoas tenham depois sido libertadas, as tensões mantêm-se entre os dois países, com críticas de Pequim a Otava devido ao seu alinhamento com a política dos Estados Unidos em relação à China e com acusações regulares das autoridades canadianas a Pequim de ingerência em assuntos públicos.

No final de agosto, o ministro do Ambiente, Steven Guilbeault, deslocou-se à China, naquela que foi a primeira visita ministerial canadiana ao país em quatro anos.

Durante a estada de Guilbeault, a questão da alegada ingerência chinesa nas eleições canadianas não foi abordada por Pequim, disse na altura o ministro.