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Moscovo e Ancara vão analisar "em breve" aspetos técnicos do fornecimento de cereais

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A Rússia e a Turquia vão começar a analisar "em breve" os aspetos técnicos do fornecimento de um milhão de toneladas de cereais a Ancara, para o posterior envio aos países mais necessitados, anunciou hoje a diplomacia de Moscovo.

O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Alexander Grushko, indicou que Moscovo espera iniciar "em breve" os contactos com todas as partes (Turquia e Qatar) "para analisar todos os aspetos técnicos destes fornecimentos".

Neste aspeto, e citado pela agência noticiosa russa Interfax, Grushko afirmou que "todos os acordos já foram alcançados".

Na sequência da cimeira desta semana entre o Presidente russo e o homólogo turco Recep Tayyip Erdogan, Vladimir Putin propôs disponibilizar um milhão de toneladas de cereal russo a preço acessível para o seu processamento na Turquia e posterior transporte gratuito em direção aos países mais necessitados.

Moscovo e Ancara vão garantir o contributo financeiro do Qatar para impulsionar esta iniciativa, revelou na ocasião Putin.

Erdogan confirmou ter chegado a acordo com o homólogo russo para transformar os cereais russos em farinha e efetuar o seu transporte para os países em vias de desenvolvimento.

Putin esclareceu ainda que esta proposta não pretende sobrepor-se à iniciativa do mar Negro para a exportação de cereais, da qual Moscovo se retirou em meados de julho, mas significará "uma enorme contribuição à solução dos problemas alimentares dos países africanos".

Após conversações com Recep Tayyip Erdogan na estância balnear de Sochi, no sul da Rússia, o Presidente russo rejeitou na segunda-feira firmar um novo acordo para o transporte de cereais através do Mar Negro enquanto o Ocidente não cumprir exigências de Moscovo.

A par da ONU, Erdogan foi um dos mediadores do acordo original, conhecido como a Iniciativa do Mar Negro e firmado no verão de 2022 em Istambul, que permitiu à Ucrânia exportar a sua produção de cereais em segurança.

Moscovo abandonou unilateralmente o protocolo em julho.

De acordo com a imprensa de Ancara, o chefe de Estado turco esperava no encontro de Sochi "convencer" o Presidente russo a retomar os acordos.

Na abertura daquele que foi o primeiro encontro entre os dois chefes de Estado desde outubro do ano passado, Erdogan havia prometido para o final um anúncio "muito importante" sobre as exportações de cereais.

Erdogan afirmou que a Ucrânia deve "suavizar a sua posição" relativamente à Iniciativa dos Cereais do Mar Negro e "tomar medidas partilhadas com a Rússia" para que o acordo funcione.

"A Ucrânia deve, é claro, suavizar as suas posições para poder tomar medidas partilhadas com a Rússia", disse Erdogan durante uma conferência de imprensa conjunta com Putin em Sochi.

O líder turco insistiu que isso deve ser feito sem demoras para que os cereais possam chegar "aos países mais pobres de África".

"Se 40% destes cereais forem enviados para países europeus, é claro que a Rússia não vê isto como algo positivo, e com razão", acrescentou.