Crónicas

Está na hora de votar

O PS diz-se amigo da Madeira. Contratou, para a sua festa o cantor número um em Portugal e enviou o político número dez ou vinte. De Lisboa vem boa música mas não vem uma única promessa. Costa pode desmentir no sábado

Passaram-se quatro anos num ápice. Para governantes e oposição. Ainda assim, tempo suficiente para termos uma ideia clara sobre o que temos de qualidade em política. E quem tem falta dela.

Miguel Albuquerque fez-se um bom presidente do governo. Um novo estilo que sucedeu à forma de liderança original de Alberto João Jardim. Com muito equilíbrio e suficiente disciplina conduziu a nau social democrata a um estatuto ganhador, revertendo a dúvida do resultado de há quatro anos. Hoje ninguém tem dúvidas sobre o acerto do que foi feito ao longo destes quatro anos. Ninguém pode acreditar que era possível resolver tudo. Um período de tempo muito exigente, com desafios gigantescos, salientando-se a pandemia e a, ainda não resolvida, inflação.

Por tudo isto, Albuquerque é merecedor do nosso voto e apoio para mais um mandato que ainda se deseja mais repleto de sucessos.

Até me esqueço que há uma coligação eleitoral, que se desfaz por lei no dia das eleições, a qual foi imposta por chantagem do centrista José Manuel Rodrigues: “ou sou o presidente da Assembleia ou junto-me ao partido socialista”. E foi. E é. E espero que não seja mais. Pelo menos voto nessa convicção. Foi a nossa nódoa negra em quase cinquenta anos de democracia. Uma situação obscura que ninguém mais tolerará. Nunca podia ter acontecido. Mostra a fragilidade dos princípios, que deve ser ponto de honra dos políticos. Por alguma razão o partido do “vale tudo” enfrenta a extinção. A democracia não pode integrar chantagistas. O povo castiga.

O CDS acobardou-se recusando ir a votos para recolher a opção da direita que nunca vota no PSD. Preferiram eleger-se nas listas seguras do PSD. O interesse “político” pessoal dos seus eleitos à boleia do PSD foi superior, mais uma vez, aos valores da democracia. Já não há destes na vida política. Finito.

Na generalidade, estamos satisfeitos com o governo que agora termina o seu mandato. O “covid” dominou a governação. Que parece ter infetado a oposição clássica. O PS afundou-se nas suas contradições e incoerências. O fôlego ganho com Paulo Cafôfo esmoreceu com Sérgio Gonçalves. Uma gestão partidária exibindo a imagem pessoal do chefe, o seu ponto fraco. Ideias … não se ouviram. Alguém se lembra de alguma ideia da oposição que tenhamos pena não ir adiante por obstrução do PSD? António Costa, o governo nacional e o grupo parlamentar na Assembleia da República afugentaram toda e qualquer atração que ser oposição pudesse ter. Não só é melhor ser pró-governo Regional como ser anti-governo da República. E tudo isso o PSD da Madeira junta.

O PS de António Costa, que se diz amigo da Madeira, para a sua festa na Madalena do Mar contratou o cantor número um em Portugal e enviou o político número dez ou vinte. Muita música e nenhuma promessa. Vamos a ver se António Costa, sábado em Machico, tem mais público que Toni Carreira. E se nos fala do seu respeito pela Autonomia e vontades específicas dos madeirenses e porto-santenses. É fácil recordar o que nós queremos e ele nos nega. Responda se aceita que sejamos diferentes!

O PS vai-se libertando dos comunistas que contribuíram para a sua fundação na Madeira. É geração acabada. Só que não se renova. Não existe qualidade na nova intervenção política. Enquanto António Costa aumenta a receita fiscal os socialistas “caviar” da Madeira propõem redução de impostos. Preocupam-se mais com o discurso para o partido que com o debate dos grandes temas da vida da Madeira. Que são apenas três ou quatro questões. O resto é para gerir. E o PS não tem noção, a mais pequena ideia, sobre o que pode diferenciar um futuro de sucesso colectivo para a Madeira. O que pode fazer toda a diferença no futuro não faz parte do programa do PS para estas eleições.

Não faz parte das preocupações de qualquer partido porque não são sérias alternativas de governo. São tentativas de uns quantos para se elegerem para um tacho individual no parlamento regional.

E a Autonomia?

Em campanha eleitoral, com excepção de Miguel Albuquerque, ninguém fala dela. Nem um da oposição faz sentir que a falta de Autonomia quebra a força das nossas justas aspirações desenvolvimentistas. Acham que sozinhos vão conquistar os mundos que prometem. É pena não perceberem que, podendo divergir nos modelos sociais e económicos, só teremos sucesso se formos autónomos. Mas, pelos vistos, não querem falar disso. Nem da Europa, tema tabu certamente por ignorância. O mesmo se diga das alterações climáticas.

Ainda o Porto Santo: golfe, centro de saúde e avião

• Miguel Albuquerque surpreendeu, pela positiva, ao assumir a construção de novo campo de golfe com dezoito buracos, deliberando o abandono da intenção da Sociedade de Desenvolvimento de fazer apenas nove buracos. Investir em vez de gastar dinheiro. Este é um investimento na sustentabilidade da Ilha que muito contribuirá para a redução da crítica sazonalidade. Bem hajas Miguel, por esta e outras decisões a favor de Porto Santo. Já agora, porque não realizar um estudo técnico qualificado para avaliar a oportunidade e o impacto económico de outros dois campos de golfe na ocupação hoteleira de inverno?

• Como não há bela sem senão, a Sociedade de Desenvolvimento de Porto Santo fez um vídeo e uma exposição fotográfica sobre o campo de golfe de Porto Santo. É difícil fazer pior! Não por falta de informação, mas por ausência de rigor e, quem sabe, de honestidade intelectual. As mentiras são inúmeras. As fotos não têm uma única legenda que identifique os protagonistas, enquanto o vídeo acumula erros que escondem e atropelam propositadamente o percurso histórico do golfe em Porto Santo. Nada começou com estes vaidosos responsáveis pelo vídeo. Falta de classe! Falta de mundo! E não são porto-santenses!

• Precisei fazer análises de sangue no Centro de Saúde de Porto Santo. Coincidiu com o ataque informático ao SESARAM. Devo elogiar a eficácia e competência de toda a sua organização, em circunstâncias particularmente difíceis. Parabéns dr. Rogério Correia. Como podem ver, não custa elogiar quem tem mérito.

• É inacreditável o desprezo do governo de António Costa pela concessão aérea, até agora a cargo da Binter. Parece brincadeira de Galamba!

Marcelo e Prigozhin

Tive esperança no fim da guerra. Outro não podia ser o propósito da viagem de Marcelo à Ucrânia. Afinal foram dois dias “para perceber bem a guerra”. Até inspecionando as trincheiras. Zelensky ainda deve ter acreditado no mesmo. Puro engano. Maior nulidade não era possível. Ainda ninguém traduziu a parte do discurso em ucraniano. Nem eles perceberam, segundo as suas caretas.

Lula veio ao 25 de Abril. Marcelo foi ao dia da Independência da Ucrânia.

Ainda assim coincidiu (?) com a morte de Prigozhin, tão pouco inteligente que aceitou viajar num jatinho dentro da Rússia. Um fim que só tinha por desconhecida a data e o modo. Assisti incrédulo, na RTP, ter sido dito não ser possível admitir que Putin matasse oito pessoas para se livrar de um inimigo.

Rodrigues fala de paz

Como já tinha sido anunciado, em vez de campanha eleitoral, José Manuel Rodrigues vai a Berlim falar de … paz (???), num encontro de religiões. Não quero pagar estas viagens inusitadas e abusivas do presidente da Assembleia. Cheira a férias à borla. Só em 2023, depois de Brasil, Itália, Vaticano, Porto Santo, Lisboa, agora, segue-se a Alemanha. Quem autoriza tudo isto? Nunca antes foi autorizada tanta vadiagem. Quantas pessoas vão a Berlim à custa do povo? Os mesmos que foram ao Brasil, Itália, Vaticano e Lisboa? Falta de bom senso.

Imperialismo russo

Agora que está confirmada a intervenção militar internacional da Rússia, via vinte grupos e milícias mercenárias, é ridículo e cómico recordar as manifestações comunistas em Portugal contra o imperialismo americano.

Espanha

Dá gozo ver o governo espanhol nas mãos dos “independentistas”. Cheira a esturro, conveniências e “vale tudo”.