O silêncio ensurdecedor do PS
Passaram-se cinco dias. Em quatro dias, formou-se um Governo, aprovou-se um acordo de incidência parlamentar. Mas, nesses quatro dias a que se juntam um quinto, o de hoje, dia em que escrevo, não se vislumbrou por parte do PS qualquer reação.
Ou melhor, corrijo-me, tem havido: para questionar sobre se Miguel Albuquerque não se demite, para prognosticar que o acordo com o PAN não será para quatro anos, para criticar, criticar, criticar.
Mas, curiosamente ou talvez não, mal sai uma palavra das suas bocas sobre a situação socialista, sobre que consequências advirão de uma derrota estrondosa, com a perda de oito deputados em relação à legislatura ainda em vigor.
Também eu gostaria de saber se o líder socialista vai ou não se demitir (ou toda a gente já se esqueceu que ele disse que saberia tirar as ilações e agir em conformidade se o resultado não fosse o pretendido?!).
Também eu gostaria de saber o porquê de todo este silêncio ensurdecedor, apenas quebrado pelo líder parlamentar socialista, Rui Caetano, que defendeu que Sérgio Gonçalves tem ainda muito para dar ao PS. Tem? Até quando?
Porque, com este silêncio todo, o que se torna, paradoxalmente, cada vez mais audível é a surdina com que se debate, por parte dos militantes socialistas, o futuro socialista. À calada, como se houvesse medo em opinar. Ah, se fosse num partido de direita o que já se teria dito deste “apagão”.
E também dá cada vez mais a sensação que o PS, após a noite eleitoral, apostava todas as fichas num insucesso das negociações do PSD para formar Governo e garantir maioria na Assembleia Legislativa da Madeira. Assim, talvez fosse possível (não governar, porque os votos da oposição conjunta, sem o PSD, o CDS e o Chega, que disse que nunca formaria governo com os socialistas, são apenas 20) esperar por eleições antecipadas.
Mas, também dá a sensação de que estão à espera que Paulo Cafôfo e Miguel Iglésias digam o que devem fazer. Que digam se os dois (ou um deles) vão querer ser candidatos daqui a quatro anos, às eleições regionais, ou até daqui a dois anos, às autárquicas!
Porque, de facto, cada vez mais parece que Sérgio Gonçalves pretende “aquecer” o lugar até que Paulo Cafôfo regresse, quando achar oportuno.
Enfim, questões, a se juntar a muitas outras, que os madeirenses gostariam de ver respondidas. Mas, ao contrário do que seria expetável e desejável o PS continua mudo e surdo. Curiosamente, ou talvez também não, sem que ninguém lhe questione nada….
Ângelo Silva