ADN admite repensar ideologia após resultado aquém do esperado
O cabeça de lista da Alternativa Democrática Nacional (ADN) às eleições legislativas regionais da Madeira, Miguel Pita, reconheceu hoje que o resultado da sua candidatura ficou aquém e que o partido terá que pensar se quer manter a ideologia.
"É lógico que esperávamos mais", disse hoje Miguel Pita à agência Lusa, reagindo aos resultados das eleições legislativas regionais da Madeira, em que o ADN foi o partido menos votado, com apenas 617 votos e uma percentagem de 0,46%, de acordo com os resultados oficiais provisórios da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna.
Para o cabeça de lista ficou claro que, "ao tocar em pontos muito delicados" como os abordados ao longo da campanha "e que fazem parte da ideologia do ADN, era normal que muitas pessoas não se revissem naquelas nossas ideias".
Admitindo ter apresentado propostas "controversas", Miguel Pita reconheceu que "normalmente as pessoas fogem a estes assuntos e preferem os assuntos mais rotineiros da política".
Agora, acrescentou, será tempo de avaliar se "nas próximas eleições o partido ADN mantém este tipo de ideologia ou tenta entrar, também, na ideologia dos outros partidos, que é falar do mesmo", ao invés de abordar questões que, no seu entender, "as pessoas sabem que são temas reais, mas que não são muito populares".
A convicção do cabeça de lista é que "a ideologia devia manter-se" porque "ser mais um partido igual aos outros não traz nada de novo".
Além disso, sublinhou, acredita ser possível que "as pessoas um dia acordem e percebam que realmente o ADN traz algo de novo e algo diferente".
Sem conseguir eleger qualquer deputado, o ADN viu, ainda assim, cumprido um dos seus objetivos, o de "não haver maioria absoluta (...) para tirar aquela prepotência e arrogância" que considera ter sido apanágio nos últimos quatro anos.
"Creio que agora [o Governo regional] será mais humilde", afirmou, sustentando que "seja qual for o partido que irá coligar com o PSD/CDS-PP, não será igual ao que aconteceu anteriormente, não haverá tanto aquela ditadura, aquele 'quero, posso e mando'". E isso, rematou, "é positivo, independentemente de qual seja o partido que vá coligar, seja o IL seja o PAN".
A coligação formada por PSD e CDS-PP venceu no domingo as eleições legislativas regionais da Madeira, com 43,13% dos votos mas sem conseguir obter maioria absoluta, elegendo 23 dos 47 deputados.
De acordo com resultados oficiais provisórios da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, o PS elegeu 11 deputados, o JPP cinco e o Chega quatro, enquanto a CDU (PCP/PEV), o BE, o PAN e a IL elegeram um deputado cada.
O Chega e a IL vão assim estrear-se na Assembleia Legislativa da Madeira, enquanto PAN e BE regressam ao parlamento.
Apresentaram-se a votos PTP, JPP, BE, PS, Chega, RIR, MPT, ADN, PSD/CDS-PP (coligação Somos Madeira), PAN, Livre, CDU (PCP/PEV) e IL.
Há quatro anos, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.