ONG pede ajuda a portugueses para dar formação e afastar jovens das drogas na Venezuela
A Fundação de Atenção Íntegra Juvenil (Fudainil) apelou aos empresários e à comunidade portuguesa da Venezuela que ajudem a dar formação e a conseguir emprego para jovens luso-venezuelanos, para os afastar das ruas e das drogas.
"Quero pedir à comunidade portuguesa que nos ajude a apoiar os jovens que estão na rua, que estão desempregados e que precisam de trabalhar para sustentar as suas famílias", disse a presidente de Fundainil à agência Lusa.
Ana Sánchez Mora, professora e ex-diretora do Ministério de Educação da Venezuela, referiu que há "muitos desempregados e crianças nas ruas" e que é preciso "dar-lhes formação".
Segundo a responsável, frisou a Fundainil tem vários projetos que quer realizar em breve na área da panificação e pastelaria, da mecânica e inclusive ensinar os jovens a criar filtros em casa para transformar a sua própria água em potável.
Ana Sánchez explicou ainda que um dos projetos passa pelo fabrico de barras de sabão e sabão líquido, mas lamentou que não há recursos financeiros para avançar.
"A situação atual é de desemprego. Portanto, há muita criminalidade. Mas tentamos atrair esses jovens, formá-los, conseguir-lhes um estágio numa empresa, onde possam aproximar-se do mercado de trabalho. E é isso o que temos feito", disse.
Como exemplo dos programas que tiveram sucesso, referiu os estágios de 100 horas em empresas como a fabricante de pneus Good Year e a Toyota, onde depois os jovens ficam a trabalhar e podem ter a possibilidade de continuarem a estudar.
Sobre a Fundainil, explicou que foi criada em 1990, e que desde há 34 anos trabalha na "prevenção e proteção de meninos e adolescentes, das famílias, escola e comunidade".
"Estamos muito interessados na família, com os seus filhos, e na saúde. Para nós, a educação é extremamente importante, porque quando as crianças estudam, formam-se para o futuro e para uma vida segura e saudável, porque onde há trabalho, há como viver", frisou.
Por outro lado, explicou que a Fundainil pôs em marcha programas que no passado que "não eram aceites pela sociedade" venezuelana, nem pelas comunidades.
"Fomos pioneiros, na Venezuela, na prevenção do consumo de drogas, na parte de saúde sexual reprodutiva, na gravidez precoce na adolescência e no planeamento familiar", explicou.
Segundo Ana Sánchez, foi graças ao trabalho da Fundainil que a Venezuela implementou pela primeira vez um programa de prevenção da saúde sexual reprodutiva nas escolas, recordando que temas como a gravidez precoce e os ciclos menstruais eram um tabu para professores.
"Conseguimos dar formação a um grande número de jovens que estavam desempregados e que não estudavam nada. Havia muita criminalidade produto do desemprego, sobretudo entre os jovens", disse.
Com sede em Caracas e presença nos 24 estados da Venezuela, a Fundainil é conhecida pelo trabalho que desenvolve em matéria de integração social e laboral de jovens em situação de risco e desertores do sistema educativo venezuelano.
O consumo de drogas, a saúde sexual e reprodutiva, a violência intrafamiliar e escolar e questões laborais são algumas das áreas que abrange.