‘Artwalk’ evoca legado de Maurício Fernandes na Quinta Magnólia
Exposição em homenagem do escultor madeirense contou com contributos de vários artistas
Projecto está patente ao público até 31 de Dezembro
Depois de ter percorrido seis concelhos da Madeira, chegou ao Centro Cultural da Quinta Magnólia, a exposição itinerante em homenagem, a título póstumo, do escultor Maurício Fernandes. A inauguração do projecto ‘Artwalk’ aconteceu esta manhã, no 72.º aniversário do artista madeirense, num momento emotivo e com sentimento de missão cumprida. A exposição está aberta ao público até 31 de Dezembro.
“É importante que a arte e cultura sejam, no fundo, acessíveis a todos. Quantos mais melhor. Este é um projecto que concilia uma exposição de interior pelo trabalho dele, mas também peças de exterior”, explicou Sofia Fernandes, filha de Maurício Fernandes e directora artística do ‘Artwalk’, um projecto da Move Associação Cultural, Criativa e Artística da Madeira, que homenageia artistas madeirenses das diferentes áreas de expressão e que, nesta primeira edição, celebra a obra do escultor natural do Funchal.
“Essas peças de exterior só foram possíveis graças à participação de colaboração logo na primeira hora, de artistas convidados”, vincou, enumerando Ivo António, Rita Rodrigues, Guilherme Fernandes, Mafalda Gonçalves, Ricardo Velosa, Teresa Jardim, para além de ex-alunos, colegas de curso do escultor falecido que também se associaram ao repto de conceber uma obra para integrar esta exposição em memória da sua obra.
Maurício Fernandes foi acima de tudo um criativo tendo explorado diferentes áreas da expressão artística como o desenho, pintura, fotografia e cartoon, além da escultura. Tem uma grande produção de obra gráfica com cartazes, ilustrações, catálogos e logótipos, tendo assinado trabalhos em edições do DIÁRIO de Notícias da Madeira. Ao nível académico teve um papel preponderante ao trazer, em colaboração com Celso Caires, o ensino superior do Design para a Região.
Para esta edição do ‘ArtWalk’ foram convidados artistas e designers madeirenses que produziram um trabalho em sua homenagem. Com direcção artística de Sofia Fernandes, o trabalho ficará patente ao público na Quinta Magnólia até 31 de Dezembro.
O secretário regional do Turismo e Cultura felicitou toda a organização por esta iniciativa que já passou por seis concelhos da Região e chega agora ao Funchal. O objectivo passou por envolver o maior número de artistas contemporâneos nesta exposição itinerante para dar a conhecer a obra de Maurício Fernandes.
“Esta itinerância que foi conseguida em todo este processo fez acontecer a presença deste projecto em vários concelhos, permitindo dar a conhecer a todos a sua obra e chamar a atenção para este legado artístico que é magnífico”, destacou Eduardo Jesus, reconhecendo o “saudável empenho” e a “enorme vontade” de todos os artistas em materializar este projecto: “O Maurício, onde quer que esteja, está a ver que isto está a acontecer”.
Maurício Fernandes viveu entre 22 de Setembro de 1951 e 1 de Janeiro de 2001. Nasceu no Funchal e morou sempre na ilha da Madeira. Estudou no Funchal e entre 1972 e 1974 cumpriu o serviço militar. Licenciou-se em escultura pela Academia de Música e Belas Artes da Madeira no ano de 1975, era especialmente dotado e produziu obras em várias técnicas ao longo dos anos, refletindo o sentido de humor um pouco mordaz e peculiar aliado ao sentido crítico e de observação que lhe eram tão característicos.
Em 1976 foi convidado para lecionar no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira trabalho que manteve até à sua morte. Foi director daquele instituto (já Instituto de Arte e Design da Madeira) entre 1997 e 2000. Com o passar dos anos dedicou-se principalmente ao trabalho gráfico, sendo responsável, com Celso Caires, pelo ensino superior do design na Madeira. Neste âmbito escreveu três publicações: ‘Textos para história e teorias do Design’, ‘Elementos de ergonomia e antropometria’ e ‘Manual de Design – da metodologia à ergonomia’.