PTP dedica campanha à denúncia de ‘cunhas’ e à inflação
Sem grandes arruadas e sem recurso às tradicionais bandeiras, a campanha eleitoral do Partido Trabalhista Português (PTP) às Eleições Regionais ficou marcada, desde logo, pela constante crítica à ‘política de cunhas’ no acesso à saúde e ao emprego. “Quem não tem cunhas no serviço regional de saúde está tramado, porque espera e desespera largas horas numa cadeira completamente debilitado e à espera de cuidados médicos. Quem não tem cunhas na função pública está tramado ou tem de emigrar.” Em mais do que uma ocasião, quem o disse foi Raquel Coelho, porta-voz e candidata em segundo lugar na lista trabalhista.
O objectivo eleitoral do PTP é claro e foi assumido a 11 de Agosto. Ao fim de 4 anos, o partido quer regressar ao parlamento regional, elegendo pelo menos um deputado. Para o cabeça de lista trabalhista, Quintino Costa, “quem cobra este nível de impostos durante 47 anos e deixa os madeirenses no maior índice de pobreza da Europa não merece votos”, referindo-se ao PSD.
Medidas de combate à inflação são o ‘ponto alto’ da campanha
A temática sobre os níveis de carga fiscal relacionados com a inflação foi uma das mais recorrentes da campanha dos trabalhistas às ‘Regionais’ “Cada vez que os madeirenses vão ao supermercado apanham um susto. Os preços estão cada vez mais elevados. Parece que vivemos no Mónaco, mas com salários de terceiro mundo. Qual é a razão dos preços continuarem tão altos?”, questionou Raquel Coelho.
Numa das várias concentrações à frente da Assembleia Legislativa da Madeira, o ‘momento alto’ da campanha eleitoral do PTP aconteceu a 16 de Setembro. Ao explicar um conjunto de medidas de combate à inflação, Raquel Coelho alertou para a necessidade de o Governo Regional usar os 11 milhões de euros atribuídos pelo programa europeu de opções específicas para fazer face ao afastamento e à insularidade (POSEI) para atenuar este problema socioeconómico. Além disto, os trabalhistas revelaram outras duas importantes medidas a serem implementadas, tais como a existência de um Ferryboat de mercadorias a preços competitivos e a gestão pública do Porto do Caniçal.
Acresce que o partido também propôs um aumento do complemento de reforma até aos 75 euros para as reformas inferiores ao salário mínimo nacional. “Pagamos impostos a peso de ouro, descontamos dos salários e as pequenas e médias empresas fazem das tripas coração para pagar a carga fiscal”, alertou Raquel Coelho a 25 de Agosto. Na saúde, o partido alertou ainda para o problema de existirem várias camas ocupadas nos hospitais da Região por pessoas que tiveram alta há mais de 1 ano. “A velhice tornou-se num negócio”, referiu José Manuel Coelho, mandatário da candidatura trabalhista às ‘Regionais’.
“PSD captura as pessoas” e PTP não vislumbra alternativa política
Para Raquel Coelho, “o PSD capturou a sociedade, as pequenas e médias empresas e a economia da Região”. A porta-voz trabalhista procurou alertar a população sobre o facto de se o PSD conseguir vencer estas eleições, isso significará que o mesmo partido estará no poder durante 50 anos. “Essa realidade não é saudável para a democracia e só tem paralelo em África”, explicou a 16 de Setembro.
Esta foi outra importante premissa proferida várias vezes durante a toda a campanha eleitoral do PTP. O partido diz ainda não vislumbrar uma alternativa governativa à esquerda do PSD. “Só por milagre se poderia colocar essa questão no actual cenário político actual”, defendeu Quintino Costa. Ao longo de toda a campanha eleitoral, José Manuel Coelho acusou também o PSD de fazer “batota eleitoral” junto da Comissão Nacional de Eleições. “Em todas as eleições, são roubados cerca de 6 mil votos das mesas”, acrescentou no momento após a entrega da lista trabalhista às Eleições Regionais.
As principais acções de campanha do PTP passaram, essencialmente, por concentrações de candidatos e simpatizantes junto ao parlamento regional e ao Hospital Central do Funchal. Houve ainda tempo para a candidatura visitar o Porto Santo, as zonas altas do Funchal, o Porto do Funchal e o Lar da Bela Vista, no Funchal. O orçamento de campanha eleitoral do partido foi o mais baixo de entre as 13 candidaturas que se apresentaram a este acto eleitoral, cerca de 1.500 euros.
*Trabalho excutado por João Pedro Santos, com supervisão do subdirector Roberto Ferreira.