Travar a euforia das sondagens
‘Somos Madeira’, a coligação que junta PSD e CDS, fez uma campanha em que, todos os dias, lembrou que a euforia provocada pelas sondagens favoráveis pode ser perigosa e que “ninguém pode ficar em casa” no domingo.
A campanha foi feita em moldes tradicionais, com os ‘três tempos’ que se tornaram habituais nos mandatos de Alberto João Jardim: contactos porta-a-porta, os que rendem mais votos; uma inauguração a meio do dia que agora é apresentada como ‘visita’ à obras; comício ao final do dia.
Pode ser um modelo antigo, que rejeita quase totalmente as redes sociais e outros meios, mas parece que ainda resulta.
PSD e CDS começaram muito cedo a campanha, meses antes do período oficial e o primeiro obstáculo para transpor foi explicar a coligação às bases dos dois partidos a importância de, pela primeira vez, irem juntos a umas eleições regionais.
Houve alguma resistência, sobretudo no PSD e ainda mais evidente quando, em Novembro do ano passado, uma sondagem do DIÁRIO/TSF mostrava que os sociais-democratas conseguiam a maioria absoluta sozinhos e poderiam eleger até 26 deputados.
Miguel Albuquerque travou a contestação e deixou claro que haveria coligação, como tinha sido aprovado no congresso.
Já com a certeza de que os dois partidos que suportam o governo iriam juntos às eleições, a tarefa passou a ser a de mostrar essa unidade. As acções de campanha foram conjuntas, com bandeiras dos dois partidos e discursos, nos comícios, de Albuquerque e Barreto.
Para o sucesso da campanha contribuiu muito a máquina do PSD que consegue cobrir todas as freguesias e voltou a estar no terreno em força.
Mostrar o que foi feito, em quatro anos, marcados pela pandemia e pelas consequências da guerra na Ucrânia, foram as principais mensagens, mas também lembrar que de Lisboa veio muito pouco e colar o PS-Madeira ao Governo da República.
A habitação - sobretudo as cerca de 800 casas para a classe média -, foi uma arma de campanha importante.
A coligação ‘Somos Madeira’ terminou a campanha seguindo o modelo tradicional: comício no Funchal, na quinta-feira e, hoje, uma arruada.
A frase: “Nunca se ganharam eleições antes de todos os votos contados” – Miguel Albuquerque
O presidente do PSD e cabeça-de-lista da coligação não perdeu uma oportunidade para lembrar que ninguém pode ficar em casa a pensar que “já está ganho”. Uma mensagem repetida todos os dias, nos comícios e no contacto directo com os eleitores.
A Imagem: a minha bandeira e a tua
Militantes e dirigentes do CDS e do PSD surgiram juntos nas acções de campanha, sobretudo nos comícios. Muitos traziam bandeiras e símbolos dos dois partidos, procurando transmitir uma ideia de unidade.
O momento: a visita
As inaugurações passaram a ser chamadas ‘visitas’, mas o objectivo foi o mesmo de eleições anteriores, com o Governo Regional a procurar mostrar serviço e ‘obra feita’ a meio da campanha. De pouco valeram os avisos e recomendações da Comissão Nacional de Eleições.