Mobilidade no Mercado de Trabalho Europeu – um valor em si
Um dos grandes benefícios da União Europeia é a liberdade de movimento das pessoas no espaço europeu. Assim qualquer indivíduo pertencente a este espaço pode escolher onde quer viver, não estando sujeito a burocracias, autorizações de permanência ou vistos de trabalho.
Esta liberdade de movimentação torna a União Europeia mais eficiente e os seus cidadãos mais felizes. A escolha livre leva a que as deslocações só se façam para lugares onde, à partida, os cidadãos se sintam melhor, deixando de estar “presos” ao lugar onde nasceram.
Dado os diferenciais de nível de vida entre Portugal e alguns países europeus, quando Portugal entrou na Comunidade Europeia, houve um período de transição em que a mobilidade dos portugueses esteve restringida, mas atualmente tal não acontece, o que faz com que cada vez mais portugueses estejam a encarar todo espaço europeu como possibilidade de residência.
Tal é o caso dos licenciados, muitos dos quais já tiverem uma experiência de vida noutro país graças ao programa Erasmus. Hoje um licenciado não olha só para o mercado de trabalho nacional, mas considera todo o mercado europeu e muitos têm concluído que no estrangeiro encontram empregos que lhes permitem ter uma vida melhor, não só no presente, mas também no futuro.
Todos percebemos que existe um custo de emigração resultante da separação da família e amigos e dos lugares conhecidos, mas os benefícios são muito superiores a este custo, o que faz com que numa análise custo-benefício a decisão seja partir. Os números de licenciados que têm emigrado mostra bem a dimensão dos benefícios esperados - segundo alguns órgãos de comunicação social, estes licenciados vão ganhar no estrangeiro o triplo do que ganhariam em Portugal.
Ao falar com um amigo este fim de semana, ele contou-me que um filho de um amigo comum estava a tentar regressar a Portugal, mas que desistiu da ideia porque em Portugal o máximo que lhe ofereceram como salário foi de € 1500, enquanto na Holanda recebe um salário de mais de € 6000. Com diferenciais desta dimensão não há medidas paliativas como diminuição dos impostos ou apoio às rendas, que levem os licenciados a não emigrar.
Temos que repensar a nossa Economia, fazendo diferente – apostando em atividades que tragam maior valor acrescentado porque só desse modo conseguiremos manter em Portugal as gerações mais qualificadas em cuja educação todos nós, através dos nossos impostos, apostámos.
Espero que os ensinamentos que passei aos meus alunos estejam a ser valorizados no mercado de trabalho desta geração de jovens verdadeiramente europeus.