Muita parra, pouca uva…
Para quem anda a dar e prometer soluções para a vida dos madeirenses, porque não avançar com as creches grátis ou a preços reduzidos?
Vivemos os últimos dias da campanha eleitoral. Da esquerda à direita, todos os partidos prometem acções para melhorar a vida dos cidadãos madeirenses. E identificam quais as áreas de intervenção, em caso de formarem governo. A verdade é que os cidadãos – supostamente – escolheriam o seu partido favorito face ao programa eleitoral que é apresentado a desenvolver e/ou implementar, caso o partido constitua governo em resultado das eleições.
Mas, os programas eleitorais valem o que valem.
A título de exemplo, no último dia da campanha eleitoral para a Assembleia Regional da Madeira, há quatro anos, o Secretário Regional do Mar e outras coisas, acompanhado dos políticos locais, veio à rotunda, na Via Expresso do Arco da Calheta, em frente às jaulas, pedir que o povo estivesse descansado que as 10 jaula ali existentes não passavam duma experiência. Disse:
“Na Calheta, haverá discussão pública sobre a aquicultura (…) e na zona do Arco da Calheta não haverá ampliações de zonas contra a vontade das populações. (…) Todo o processo será visto e revisto em todas as zonas da Madeira. (…) As populações estejam descansadas, nós vamos analisar todos os processos. Vamos cumprir (…) que a população do Arco da Calheta esteja descansada que não haverá ampliação nesta zona.” https://www.facebook.com/radiocalheta/videos/2374663335921627.
Havia 10 jaulas, supostamente, experimentais… depois desta intervenção foram acrescentadas mais 4. Estas deverão ser provisórias… Até ao próximo dia 22, será que teremos mais uma promessa requentada?
Há algum tempo, num convívio amistoso, juntaram-se vários amigos e gerou-se, naturalmente, uma prolongada conversa que abordou temas de vária ordem, onde não faltou assuntos de política geral.
Um dos temas foi a questão demográfica portuguesa, com uma população cada vez mais envelhecida. No decurso da conversa fiquei a saber que o número médio de filhos, por mulher portuguesa em idade fértil, seria de 1,4 filhos. Isto é, quando dez casais – vinte pessoas – geram 14, faltam 6 para que ocorra a “reposição” da população. E com o envelhecimento, a população vai-se reduzindo, apenas podendo ser compensada pela entrada de “imigrantes”.
Ora, para quem anda a dar e prometer soluções para a vida dos madeirenses, porque não avançar com as creches grátis ou a preços reduzidos? Os custos da creche representam centenas de euros mensais. E um casal jovem, em início de vida activa e com recursos financeiros limitados, tem de ponderar seriamente, os custos que o alargamento do agregado familiar representa, no seu orçamento. E não são os kits bebé e similares que resolvem…
Há muitas situações como estas, onde a parra é muita e a uva escasseia.