Eurodeputados pedem mais 10 mil milhões de euros no orçamento da UE até 2027
Eurodeputados da comissão dos Orçamentos do Parlamento Europeu pediram hoje um montante adicional de 10 mil milhões de euros à proposta que revê em alta o orçamento comunitário a longo prazo e um rápido acordo na União Europeia (UE).
"Eu diria que a proposta da Comissão [Europeia] que propõe um acréscimo de 100 mil milhões de euros ao orçamento da União é uma proposta positiva, é um bom ponto de partida, mas há domínios nos quais nós entendemos deve ser acrescido o orçamento", disse à agência Lusa a eurodeputada socialista e correlatora do Parlamento Europeu para a matéria, Margarida Marques, em Bruxelas.
No dia em que a comissão parlamentar dos Orçamentos aprovou um relatório coassinado pela responsável relativo à proposta do executivo comunitário para revisão do Quadro Financeiro Plurianual 2024-2027, Margarida Marques acrescentou que "as duas crises que a UE enfrentou e enfrenta revelam que o orçamento não é suficiente", numa alusão à pandemia de covid-19 e às consequências da invasão russa da Ucrânia.
O projeto de relatório sobre a proposta de revisão intercalar do orçamento da UE a longo prazo -- aprovado na comissão parlamentar por 23 votos a favor, três contra e três abstenções -- propõe então uma verba adicional de 10 mil milhões de euros, entre os quais quatro mil milhões de euros para as migrações, três mil milhões de euros para a plataforma de investimentos estratégicos e outros três mil milhões de euros para a flexibilidade orçamental, visando fazer face às elevadas taxas de juro em programas como o Fundo de Recuperação pós-crise da covid-19.
"Quando foi construído o Next Generation EU, os juros estavam 0% e agora estão a 4% [...] e, por isso, esperamos que o Conselho entenda que a realidade é outra", observou Margarida Marques.
O relatório será discutido na sessão plenária do Parlamento Europeu a 04 de outubro próximo, ficando a assembleia europeia nessa altura em "condições para começar as negociações com o Conselho", isto é, com os Estados-membros, de acordo com a eurodeputada do PS.
O "ideal", segundo a parlamentar, seria um acordo entre o Parlamento e o Conselho até dia 13 de novembro, data que permitiria coerência com a discussão sobre o orçamento da UE para o próximo ano.
Para tal, os eurodeputados querem que o assunto esteja na agenda dos líderes do Conselho Europeu do final de outubro e mais esforços da presidência espanhola do Conselho.
Com um acordo em meados de novembro, os acréscimos no orçamento a longo prazo poderiam ser "imediatamente transpostos" para o relativo a 2024.
"Não é dramático se não conseguirmos um acordo nesse momento -- no momento em que fizemos o acordo, essa transferência orçamental será feita --, mas seria mais fácil", adiantou Margarida Marques.
O Parlamento Europeu quer ainda a criação de um mecanismo permanente para crises, depois de uma emissão de dívida inédita para responder à crise da covid-19, e discussões pós-2027 sobre uma nova arquitetura institucional e orçamental face ao eventual alargamento da UE até 2030.
A posição surge numa altura em que a UE discute a revisão do orçamento a longo prazo para o período 2024-2027, prevendo uma reserva de 50 mil milhões de euros de apoio à recuperação da Ucrânia, 15 mil milhões de euros para gestão das migrações e 10 mil milhões no âmbito da plataforma STEP para investimentos 'verdes' e tecnológicos, que será um passo para um futuro fundo soberano.
A revisão do orçamento da UE, proposta em junho passado pela Comissão Europeia, contempla 20,9 mil milhões de euros para enfrentar a subida das taxas de juro e a inflação, num ajuste total de 99 mil milhões de euros.