Louçã mobiliza Bloco para combater “casta gulosa que está a estrangular a Madeira”
“O que se passa na Madeira é o caso mais consolidado de uma realidade que assombra Portugal inteiro. Que é uma casta forte, gananciosa, gulosa que se instalou no poder político e no poder económico, que manda, que quer mandar em tudo, que quer controlar e que, no caso da Madeira, sem interrupção, tem os mesmos chefes há 47 anos”. Foi desta forma que Francisco Louçã descreveu, esta tarde, no Funchal, a realidade do nosso arquipélago, defendendo que a eleição dos candidatos do Bloco de Esquerda (BE) Roberto Almada e Dina Letra é uma forma de combater “esta casta que está a estrangular a Madeira”.
Falando numa iniciativa destinada à apresentação do programa eleitoral, o fundador do BE apresentou dois exemplos de “como a casta se organiza”, através do benefício, do favorecimento e da opacidade. O primeiro tem a ver com os 1.000 milhões de euros que o tribunal da União Europeia diz que desapareceram” e que beneficiaram empresas que “fingiram” se instalar na Zona Franca e que “não criaram um emprego”. “Onde é que estão os 1.000 milhões de euros? Nenhuma transparência. É assim que a casta alimenta a sua própria carteira”, adiantou.
O segundo exemplo diz respeito à habitação e das autoridades regionais e locais do Funchal em eliminar os Vistos Gold ou impor limites ao licenciamento de alojamentos locais. São políticas que, para Louçã, só “servem para subir os preços” das casas. “É a gula da casta. A habitação é um inferno para queimar as pessoas. A casta acha que pode por o pé em quem ganha menos”, denunciou.
O antigo líder do BE referiu que nestes 47 anos de democracia emergiram três tipos de partidos: “o partido da casta, que pode ter várias etiquetas; os partidos que agora querem chegar à casta e querem juntar-se à casta (a gula é assim); e os partidos como o Bloco de Esquerda que querem combater a casta, em nome do povo”. Por isso, fez apelos aos eleitores dos diversos quadrantes, incluindo aos do PSD e do PS, para ajudarem a eleger Dina Letra e Roberto Almada, de modo a que possam iniciar um “levantamento contra a casta” a partir do parlamento regional.
Coube à coordenadora regional do Bloco de Esquerda, Dina Letra, apresentar as linhas gerais do programa eleitoral, que prevê medidas como a extinção dos Vistos Gold, um "travão ao alojamento local", aposta na habitação pública compatível com os salários dos madeirenses, limites nos aumentos das rendas e nos preços de venda de habitação, aumentos de salários, subsídio de insularidade nos sectores privado e público, redução de impostos sobre o trabalho (IRS) e sobre o consumo (IVA), reforço de direitos laborais, investimento no serviço regional de saúde com meios financeiros, humanos e técnicos, uma escola pública e gratuita e maior aposta na cultura.
O cabeça-de-lista Roberto Almada fez um enquadramento destas medidas e sublinhou a prioridade da redução dos impostos para os níveis anteriores ao Programa de Ajustamento Económico e Financeiro, bem como a necessidade de se acabar com o "forrobodó" da concessão de benefícios fiscais para empresas instaladas na Zona Franca sem criar empregos.
Já o mandatário Hélder Spínola destacou a coerência do projecto do Bloco de Esquerda, já que o seu discurso e prática política não variam antes e depois de serem eleitos para o parlamento. Também elogiou o compromisso ambiental desta força política.