Líder do PCP diz que posição do PR contribuiu para caminho de "mais armas"
O secretário-geral do PCP considerou hoje que a posição assumida pelo Presidente da República quando visitou a Ucrânia contribui para um caminho de "mais armas" e "mais mortes", apontando que não deixou "nem uma palavra de paz".
"Eu acho que o senhor Presidente da República, a partir das opções naturalmente que tem, fez uma opção, uma opção de reafirmar todos os caminhos que, no fundo, têm instigado a guerra. Eu penso que não é isso que serve nem ao povo português, e muito menos ao povo ucraniano e ao povo russo", afirmou Paulo Raimundo.
O líder do PCP falava aos jornalistas no segundo dia da Festa do Avante!, à margem de uma visita à bienal de artes plásticas.
Instado a clarificar como é que o Presidente da República, com a sua visita à Ucrânia, instigou a guerra, Paulo Raimundo afirmou: "Eu não disse que instigou, o que eu disse foi que tudo aquilo que afirmou, todos os posicionamentos que teve, acabaram por contribuir neste caminho, que é um caminho de mais armas, mais munições, mais destruição e a consequência disso, mais mortes".
"Nem uma palavra da paz, que é aquilo que a gente precisa", criticou.
O Presidente da República visitou a Ucrânia na semana passada e defendeu, perante o Presidente Volodymyr Zelensky, que o futuro daquele país será "na União Europeia e na NATO".
O PCP foi o único partido que se opôs à ida de Marcelo Rebelo de Sousa àquele país em guerra.
O secretário-geral comunista reafirmou hoje a posição do partido: "Nós não dissemos que não concordávamos, o que nós dissemos foi uma coisa simples: se a visita do Presidente da República à Ucrânia contribuir para a construção do caminho da paz, então muito bem, faz sentido, se for envolvida numa dinâmica de construção e de instigação da guerra, então não serve para nada".
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou, de acordo com os mais recentes dados da ONU, a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
A invasão russa -- justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.