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Os vizinhos e conterrâneos * (nomes e alcunhas)

Podemos escolher os amigos,
mas os vizinhos não,
com eles podemos contar,
na doença e na aflição.

Por alcunhas conhecidos
ou por nomes evocados,
assim é o costume
dos nossos antepassados.

A maior parte cá não está,
lei da vida foi cumprida,
eterna honra merecem,
sua memória é renascida.

O Saquinha e o Cantante
Pintassilgo e Cassapinho,
o Jó e o Constantino,
o Galo e o Amiguinho.

O Meia e o Padre Cura,
a Matilde e o Sapateiro,
o Menino e o Carrapaz
e o Sidónio ferreiro.

O Encrenca, o Boneco,
Inheque e o Jacintinho,
o Manuel da Francisca
e o João do Luisinho.

Pica Foices e Capelinha,
o Chulata e o Cambado,
Cangalho e o Francês
e o Norberto soldado.

O Malhinho da Zai-Zai
Canaverde e o Gato,
o Malhinho da Placa,
o Guizo e o Mingato.

O Andreza e o Polícia,
Corujeira e o Cristão,
o Firmino da Caleta,
o Giba e o Brazão.

O Palhaço e a Luísa,
o Cecília e Francisquinho,
o Gago e o Barrinhos,
o Carrega e o Josezinho.

O Papo Seco e o Buxo,
o Alpista e o Falhoca,
o Couto e o Prega Sono
e o Fernando da Soca.

João do Canto e Braguinhas,
o Dezanove e o Cascão,
Gaiado e o Guilherme,
o Teodoro e o Galão.

O Larica e a Facha,
o Côco e o Cachadinha,
Armando do Cova e o Rita,
o Mau e o Cambrinha.

O Levadeiro e o Batata,
o Coleta e o Tambor,
Soupa e Cabeça de Água,
o Morte e o velho Salvador.

A Teixeirinha da Cruz,
o Tatara e o Maganão,
Pão e Peixe e Bento Fó,
Chafarotes e o Beltrão.

O Beiçola e o Fôfo,
Palmeira e o Maluquinho,
o Malhinho da Ponte,
o Cebola e o Maneizinho.

O Dezoito e o Cinquenta,
Alminhas e o Careca,
Milho Ralo e o Sapata,
e o Manuel da Maneça.

Candelário e o Fana,
o Macaco e a Macaca,
o Rico, o Couvinha,
o Calais e o Cavaca.

O Carvalhinho, a Carvalha,
João da Bola e o Vaquinha,
o Maneque e João da Venda,
o Brilhante e o Bananinha.

Arraizinho e o Melro,
Laramba e o Serrão,
o Catrina e o Boujau
e outros que cá não estão.

Muitos outros eu conheci,
igual lembrança memorei,
tantos os que embora foram
a todos a memória respeitei.

* Quadras de Filipe Corujeira no livro - A casa de minha avó -, parte ainda não publicada, recorda os vizinhos e conterrâneos na freguesia de Campanário, na década de 1960 e 1970.