Marítimo SAD, qual o caminho?
No passado, em campanha eleitoral, foram defendidas, pela atual direção, entre outras, 3 ideias basilares: 1) Modelo Bicéfalo com administradores na SAD diferentes da direção do Clube; 2) Um Marítimo com gestão altamente profissionalizada e a lutar por lugares europeus; 3) Fundo de investimento criado pelos sócios e gerido pelo clube.
Chegados aqui e olhando no retrovisor, vemos que o modelo bicéfalo fracassou e afinal sempre foi um modelo que o presidente Rui Fontes, nas suas próprias palavras, nunca acreditou.
O Marítimo com gestão altamente profissionalizada e a lutar por lugares europeus não aconteceu, antes pelo contrário, caiu na segunda divisão, abrindo uma grave crise financeira por força de uma má gestão e perda de receitas com os direitos de TV.
A criação do fundo de investimento rapidamente foi abandonada, dando lugar à necessidade frenética de um investidor, aparecendo uma proposta feita pelo antigo jogador Alex.
A proposta, tal como apresentada, não defende os superiores interesses do Marítimo, o que não invalida que não seja analisada cuidadosamente e, a partir dessa análise, tracem-se linhas vermelhas que não podem ser ultrapassadas, criando alternativas de negociação. Não podemos olhar para a grandeza dos números e esquecermo-nos de ler o que está lá escrito em letras pequenas.
A prioridade do Clube, enquanto acionista maioritário da SAD, é garantir as condições necessárias para a equipa de futebol regressar ao escalão principal do futebol português. Todas as modalidades que o clube e Andebol SAD dispõem, devem seguir o seu funcionamento normal, mas com orçamentos adequados às receitas provenientes de patrocinadores e ajudas governamentais, não podendo, nesta fase, contar com a ajuda do Clube, pois essa deve estar concentrada na sua equipa de futebol. Só a subida de divisão garante a sustentabilidade do clube e consequentemente das restantes modalidades. Para que tal aconteça é necessário organizar a nossa casa para então depois partirmos para a negociação com o investidor. Não o fazer representa querer garantir a entrada de dinheiro tendo a certeza que o mesmo irá sair no momento seguinte ao triplo da velocidade que entrou, levando a que em breve estejamos na mesma condição em que nos encontrámos agora, fragilizados e a necessitar urgentemente de dinheiro.
O investidor é um caminho, que pode e deve ser explorado, mas não será o único e podem os sócios ter a certeza que no momento certo, aparecerão soluções, sejam por via do investidor ou por via de caminhos alternativos, que defenderão esta grande Instituição e permitirão aos seus sócios, gritar orgulhosamente, que o Marítimo continua a ser nosso.
O que não podemos é intimidar-nos com a narrativa de “ou isto ou o CAOS”. Temos de procurar soluções que permitam manter o património que tanto nos custou a criar e que não hipotequem o futuro desta instituição centenária.
É necessário honrar o Marítimo defendendo a sua história com quase 113 anos de existência.