Líder do PS/Açores acusa Governo Regional de deixar açorianos "entregues à sua sorte"
O líder do PS/Açores, Vasco Cordeiro, criticou hoje a falta de medidas do Governo Regional no apoio às famílias, devido à subida das taxas de juro, alegando que os açorianos "parecem entregues à sua sorte".
"Faz hoje três dias em que o Banco Central Europeu colocou os juros em taxas historicamente altas. O Governo da República já anunciou medidas e já está a tomar medidas, governos por toda a Europa mobilizam-se para ajudar as famílias. Onde é que está o Governo Regional dos Açores?", questionou o dirigente socialista, num convívio com militantes, nos Arrifes, na ilha de São Miguel.
Vasco Cordeiro, que liderou o executivo açoriano entre 2012 e 2020, lembrou que a autonomia levou o Governo Regional a adotar medidas próprias de apoio às famílias em 2008 e 2012, mas disse que "hoje os açorianos parecem entregues à sua sorte".
Segundo o líder regional socialista, se, pelas estimativas do governador do Banco de Portugal, há 70 mil famílias em "situação de grande sacrifício para fazer face aos seus encargos", nos Açores esse número deverá rondar as 1.800 famílias, mas apenas uma pequena parte teve acesso ao programa CreditHab, criado pelo executivo açoriano em março.
"De acordo com os apoios publicados, esta medida, que seria a salvação de tudo, apoiou apenas cerca de 170 famílias em 1.800. Onde é que está o Governo Regional dos Açores para ajudar as famílias açorianas a ultrapassar essa circunstância?", perguntou, defendendo a criação de equipas para "acelerar a análise dos pedidos de apoio" e o alargamento da medida por mais seis meses.
Vasco Cordeiro criticou ainda a atuação do executivo da coligação na negociação com a companhia aérea de baixo custo Ryanair, que vai reduzir as ligações aéreas para Ponta Delgada no inverno, e na gestão da companhia aérea pública da região.
"Depois de apregoarem que vinham salvar a SATA e a Azores Airlines, temos um governo -- e os números demonstram-no -- que não só não está a salvar a Azores Airlines, como está a dar cabo da SATA Air Açores", acusou.
O dirigente socialista apelou ao Governo Regional para que "não se feche no casulo da sua arrogância" e aceite as propostas que o PS apresentou esta semana no parlamento açoriano, entre as quais uma reavaliação do modelo de privatização da Azores Airlines.
"Privatizar entre 51 e 85% é uma opção política deste governo. E esta situação que aconteceu com a Ryanair devia servir de alerta (...) Se a Ryanair sai definitivamente, se daqui a três anos, pelas regras criadas por este governo, a SATA Internacional [Azores Airlines] vai à vida, nós corremos o risco de voltar aos anos 80 e 90, em que dependíamos única e exclusivamente da TAP", frisou.
Para Vasco Cordeiro, o atual Governo Regional está "a fazer bem pior do que os governos regionais do Partido Socialista" e não pode usar a "herança pesadíssima" do anterior executivo como desculpa, porque em dois anos "aumentou a dívida da região em 600 milhões de euros".
"Se os governos regionais do PS tivessem gerido as finanças públicas como este governo do PSD, do CDS e do PPM está a gerir, não teríamos deixado 2.000 milhões de euros de dívida, tínhamos deixado mais de 7.000 milhões de euros de dívida. A herança não é pesada, o que falta é vontade, diligência e competência para ajudar os açorianos", sublinhou.
No convívio que marcou a rentrée socialista, o secretário coordenador do PS/São Miguel, André Franqueira Rodrigues, introduziu Vasco Cordeiro como "uma pessoa que não virou a cara à luta" e que "será, se os açorianos assim quiserem, o próximo presidente do Governo Regional dos Açores".
"O governo que existe, não resolve problemas e não assume as suas responsabilidades já não está lá a fazer nada e não merece a confiança dos açorianos", afirmou, alegando que a ilha de São Miguel "está a ser esquecida e negligenciada" pelo atual executivo.