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Pai da jovem curda Mahsa Amini detido pelas forças de segurança iranianas

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Foto Andrew Lichtenstein/Corbis via Getty Images

As forças de segurança iranianas detiveram hoje o pai da jovem curda Mahsa Amini, para o pressionar a não assinalar o primeiro aniversário da morte da filha, segundo duas organizações de direitos humanos.

O pai da jovem de 22 anos, Amjad Amini, "foi detido esta manhã pelas forças repressivas" iranianas, quando saía de casa, em Saqez, no Curdistão, "e regressou horas depois", segundo a Iran Human Rights (IHR), organização não-governamental opositora ao regime iraniano com sede em Oslo, na Noruega.

Faz hoje um ano que Masha Amini morreu, depois de ter sido detida pela polícia de costumes iraniana por não estar a usar o véu islâmico, episódio que desencadeou inéditas manifestações cívicas contra o regime teocrático de Teerão, que reprimiu violentamente os protestos, que ainda se mantêm.

A informação da IHR sobre a detenção foi corroborada pelo grupo de ativistas Hengaw Organization for Human Rights, que denuncia violações de direitos humanos no Curdistão iraniano, e que atribui a detenção de Amjad Amini aos Guardas da Revolução, o exército ideológico do regime de Teerão.

Amjad Amini foi levado, nas últimas semanas, pelo menos quatro vezes para ser inquirido por várias forças de segurança, que o pressionaram e desrespeitaram, segundo relata a Hengaw.

Numa informação publicada na sua página na internet, apesar das advertências das autoridades, a família Amini declarou, em comunicado: "Como qualquer família enlutada, nós, a família Amini, vamos reunir-nos no túmulo da nossa amada filha, Jina (Mahsa) Amini, no aniversário da sua morte, e vamos realizar cerimónias tradicionais e religiosas."

Segundo as duas organizações, a casa de família de Masha Amini está "rodeada de militares" para evitar que se realize uma cerimónia religiosa para assinalar a morte da jovem.

As forças de segurança iranianas impuseram fortes restrições de acesso ao cemitério onde Amini está enterrada e onde, um dia após a sua morte, começou a onda de protestos cívicos.

Sob as palavras de ordem "mulher, vida, liberdade", milhares de manifestantes pediram o fim do regime, em protestos que se saldaram em 500 mortos, entre os quais sete executados (um dos quais em público), e milhares de detidos.

Nas últimas semanas, as autoridades iranianas intensificaram os avisos e as medidas repressivas numa tentativa de evitarem que o primeiro aniversário da morte de Amini se converta em novas manifestações.

Segundo a Amnistia Internacional, dezenas de familiares de pessoas que morreram nas manifestações foram detidos arbitrariamente, ao mesmo tempo que foram colocadas restrições de acesso aos locais onde estão enterradas, havendo até registo de destruição de lápides.

Safa Aeli, tio de Amini, foi detido na semana passada, em Saqez, onde vive, desconhecendo-se o seu paradeiro desde então.

Amini foi detida pela polícia de costumes iraniana em 13 de setembro de 2022, por alegado uso indevido do 'hijab', o véu islâmico, tendo surgido morta três dias depois, quando ainda estava sob custódia policial.

Apesar da visibilidade dos protestos e da atenção internacional, o movimento cívico ainda não conseguiu ameaçar os alicerces do regime teocrático liderado pelo ayatollah Ali Khamenei. 

Os Estados Unidos, em coordenação com o Reino Unido, o Canadá e a Austrália, anunciaram na quinta-feira a imposição de sanções contra 25 cidadãos iranianos (membros das forças de segurança e dos guardas da revolução), três órgãos de informação (o canal Press TV e as agências Tasnim e Fars) e uma empresa "ligada à censura da internet" no país -- todos relacionados com a repressão das manifestações cívicas.

Hoje, o porta-voz da diplomacia iraniana, Nasser Kanani, reagiu à sanções classificando-as como "declarações intervencionistas" e "espetáculos ridículos e hipócritas".