Televisão suíça revela laços de entre banca nacional e personalidades russas suspeitas
O canal nacional suíço de rádio e televisão RTS revelou hoje ligações entre o setor bancário e um oligarca russo e um político próximo de Vladimir Putin, graças à fuga de dados de uma empresa de gestão de fortunas.
Embora, em princípio, nenhum dos dois russos esteja na lista dos sancionados pela Suíça ou pela União Europeia pela invasão russa da Ucrânia, acredita-se que um deles (Alexander Ponomarenko) tenha envolvido as suas empresas na guerra, enquanto o segundo, o ex-ministro Leonid Reiman, é suspeito de lavagem de dinheiro
As revelações foram obtidas na sequência do roubo de documentos confidenciais da sociedade de gestão de fortunas Finaport de Zurique, publicados temporariamente em locais não indexados na Internet ("deep internet" ou "deep web") e aos quais a RTS teve acesso.
A televisão suíça, com a ajuda de meios de comunicação europeus como Le Monde, Der Spiegel ou ZDF, reviu 400 mil documentos e concluiu que a Finaport geriu 46 milhões de dólares de Ponomarenko em várias contas bancárias suíças e outras dezenas de milhões de dólares de Reiman.
Ponomarenko controla a empresa estatal Mosvodokanal, a maior empresa de água da Rússia, com importantes ligações à Câmara Municipal de Moscovo e aparentemente diretamente envolvida na invasão da Ucrânia.
A empresa é suspeita de enviar dinheiro e materiais de precisão a soldados russos na Ucrânia e até alguns combatentes no país afirmaram em vídeos divulgados nas redes sociais que trabalhavam para a empresa moscovita.
No que diz respeito a Reiman, Ministro das Telecomunicações russo entre 1999 e 2008 e posteriormente conselheiro pessoal de Dmitri Medvedev durante parte da sua presidência da Rússia (2008-2012), já foi acusado pelos tribunais suíços, em 2006, de estar envolvido no desvio de fundos em grande escala e outros esquemas de lavagem de dinheiro.
A RTS sublinhou que, pelo facto de a informação provir de documentos roubados por 'hackers', selecionou apenas dados que considera de interesse público, enquanto a Finaport declarou ao canal de televisão que estes constituem "uma seleção arbitrária, não atualizada e incompleta".
Admitindo ter sido alvo de roubo de dados, apelou à cautela contra a propagação de "informações falsas" e garantiu que atualmente apenas oito dos seus mais de 800 clientes residem na Rússia.
O Ministério da Economia suíço congelou, para já, cerca de 7,5 mil milhões de francos de indivíduos e empresas russas sancionadas pelo governo suíço, sanções semelhantes às impostas pela União Europeia contra a Rússia desde o início da invasão da Ucrânia.