Mau tempo causou prejuízos de milhares de euros nas explorações agrícolas
O mau tempo que se fez sentir na semana passada levou a prejuízos de "milhares de euros" nas explorações, sobretudo em Valpaços, Mirandela e Macedo de Cavaleiros, com os agricultores a reclamarem a concretização de seguros agrícolas públicos.
"Os prejuízos ascendem a milhares de euros e em algumas produções e explorações situam-se na ordem dos 70% a 90%", avançou a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), em resposta à Lusa, ressalvando que o levantamento decorre até 30 de setembro.
Valpaços (Vila Real), Mirandela (Bragança) e Macedo de Cavaleiros (Bragança) tiveram as culturas mais afetadas, mas também se verificaram estragos nos concelhos vizinhos.
A intempérie afetou as culturas em fase de colheita e outras ainda por colher, sobretudo vinhas, olivais, amendoais, bem como outras árvores de fruto e hortas familiares.
Segundo a CNA, o temporal atirou a maior parte da azeitona para o chão, "arruinando quase a totalidade da produção", o que deixa os produtores de azeite "numa situação dramática", tendo em conta que já no ano passado a colheita tinha sido baixa, devido a fatores como a seca.
"Mesmo os anunciados aumentos do preço do azeite na produção serão insuficientes para compensar as perdas em termos de qualidade produzida", vincou.
Os agricultores alertaram também para os constrangimentos verificados na plataforma eletrónica que permite fazer o registo dos prejuízos, notando que, até ao momento, não há garantias por parte do Ministério da Agricultura no que diz respeito a apoios para o setor.
"Para além das anunciadas medidas de restabelecimento do potencial produtivo, sujeitas a candidaturas via PDR 2020 [Programa de Desenvolvimento Rural], e que, para além de ainda não estarem abertas, têm demorado a chegar aos produtores noutras situações semelhantes, importa implementar ajudas de fundo perdido pela perda de rendimento, para compensar os prejuízos", defendeu.
A confederação lembrou que os agricultores estão muito fragilizados em termos financeiros, face a problemas como a seca ou ao aumento dos custos de produção, precisando assim de apoios "urgentes e eficazes" para continuar a produzir.
Por outro lado, a CNA referiu ser fundamental a concretização dos Seguros Agrícolas Públicos, "adequados à realidade das produções e da agricultura familiar, já que os existentes não são adequados à maioria dos agricultores".
Já a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) referiu que os efeitos do mau tempo acabam por se estender ao longo do tempo, podendo os prejuízos ser superiores às estimativas que possam ser feitas.
O secretário-geral da CAP, Luís Mira, reconheceu, no entanto, que os prejuízos são "muito avultados, com impacto negativo no setor e, consequentemente, na economia de uma forma geral".
Apesar dos prejuízos, a chuva também beneficiou o ressurgimento das pastagens naturais, o que vai mitigar "as graves dificuldades" ao nível da alimentação animal.
No que diz respeito às reservas de água e à seca, que ainda afeta a generalidade do território, não se verifica um "impacto significativo", acrescentou.