UNESCO retira da lista do Património Mundial em Perigo o sítio de Kasubi no Uganda
A UNESCO retirou ontem da lista do Património Mundial em Perigo o sítio de Kasubi, que contém os túmulos dos governantes de Buganda, um reino tradicional do sul do Uganda, danificado por um incêndio em 2010.
Situado nas colinas acima da capital, Kampala, este complexo de edifícios circulares feitos de madeira, canas e telhados de colmo está classificado como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) desde 2001.
Em março de 2010, um incêndio destruiu em grande parte o edifício principal, conhecido como Muzibu-Azaala-Mpanga, que alberga os túmulos de quatro "kabakas" (reis) de Buganda, o primeiro reino consuetudinário do país.
O programa de reconstrução, realizado com a ajuda de financiamento internacional, "foi concluído com sucesso no verão de 2023, permitindo que o sítio voltasse ao estado de conservação desejado", afirmou o Comité do Património Mundial, reunido em Riade até 25 de setembro.
"Esta reconstrução é um sucesso coletivo: Das autoridades ugandesas, dos profissionais do património ugandeses, mas também das comunidades locais que estiveram no centro do processo", felicitou Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, citada num comunicado de imprensa.
"Esta é uma excelente notícia para a comunidade internacional no seu conjunto, numa altura em que consideramos prioritário para o Património Mundial dar mais espaço aos sítios africanos", acrescentou.
Metade dos sítios inscritos na Lista do Património Mundial em Perigo situa-se no continente.
O antigo palácio dos "kabakas", construído em 1882 e convertido em cemitério real em 1884, é "um exemplo excecional do estilo arquitetónico desenvolvido pelo poderoso reino de Buganda a partir do século XIII", segundo a UNESCO.
O incêndio de 2010 causou grande agitação entre os Baganda, súbditos dos reis de Buganda e um dos principais grupos étnicos do Uganda.
O incêndio ocorreu numa altura em que as relações entre o Governo e os Baganda estavam tensas, na sequência da proibição de viajar imposta ao seu monarca em setembro de 2009, o que provocou tumultos maciços em Kampala, deixando pelo menos 27 mortos.